ÉPOCA - Qual é o valor ecológico da escarpa?
Gilson - Trata-se de uma região de grande beleza natural, com paredões de rocha por vezes com mais de 200 metros de desnível, grande número de rios com corredeiras ou mesmo expressivas cachoeiras, além de vales profundos na forma de cânions. No “degrau de cima”, ou Segundo Planalto Paranaense, desenvolveu-se uma região de solos arenosos, vegetação campestre e águas abundantes, conhecida como Campos Gerais. Esse contexto de disponibilidade de água e alimento, mais a facilidade de deslocamento, facilitou uma rota comercial com tropas de mulas nos séculos XVIII e XIX, a Rota dos Tropeiros, do Rio Grande do Sul a São Paulo. Várias cidades e a própria identidade cultural da região se estruturaram a partir desse ciclo econômico. Essas mesmas condições controlaram a presença de condições ecológicas particulares, tanto para a flora [principalmente campos naturais, floresta com araucárias e cerrado], como para a fauna associada [aves diversas ou mamíferos como veados, lobo-guará, tamanduá-bandeira e suçuarana]. A posição estratégica da região e seus atrativos naturais e culturais têm alimentado uma interessante vocação turística. A área é considerada como prioritária para conservação pelo Ministério do Meio Ambiente. Por esse motivo, criou-se, em 2006, o Parque Nacional dos Campos Gerais, o qual se superpõe parcialmente a setores da APA da Escarpa Devoniana nos municípios de Ponta Grossa, Carambeí e Castro. Diversos serviços ambientais são executados pelos remanescentes de campos naturais [secos e úmidos] e cerrado, matas ripárias e floresta com araucária. A integridade dos espaços naturais também inibe a ampliação de processos erosivos e preserva os mananciais hídricos [superficiais e subterrâneos]. A existência de contextos muito particulares, como de furnas e outras cavidades subterrâneas, leva ao desenvolvimento de condições ecológicas especiais, com elevado potencial para a existência de espécies endêmicas. Inclusive já há registros de espécies troglóbias [animais que se especializaram para a vida exclusiva em cavernas] na APA da Escarpa Devoniana. Apesar de existirem outras unidades de conservação de proteção integral [por exemplo, parques estaduais de Vila Velha, do Guartelá e do Cerrado), ainda assim a APA tem um papel fundamental, pois permite a conectividade entre os diversos setores dos Campos Gerais.
ÉPOCA - Qual é o valor arqueológico da escarpa e da APA que a protege?
Gilson - A região da Escarpa Devoniana e dos Campos Gerais é riquíssima em sítios arqueológicos, especialmente abrigos sob rocha, tanto com pinturas rupestres como material lítico, cerâmico e sepultamentos. A proteção de sítios arqueológicos, em princípio, é amparada por legislação federal. De modo concorrente, o zoneamento ecológico econômico destaca a presença desses sítios na APA da Escarpa Devoniana como elementos adicionais para justificar as medidas de proteção. A região funciona como verdadeiro laboratório ao ar livre, o que motiva grupos de estudantes de instituições do ensino básico ao superior, do Paraná ou mesmo de outros estados e do exterior, a visitarem-na assiduamente. Na lista de sítios geológicos e paleontológicos excepcionais do Brasil, nove se encontram no contexto da Escarpa Devoniana e dos Campos Gerais e há potencial para mais.
ÉPOCA - Quais são as ameaças à escarpa?
Gilson - A lentidão no processo de formalização da APA [criação em 1992, plano de manejo em 2004, Conselho Gestor em 2013], junto com uma fiscalização deficiente dos órgãos competentes, tem facilitado que diversas atividades econômicas em desacordo com o zoneamento ecológico econômico avancem sobre a unidade. Nos locais em que as restrições da natureza dos solos [espessura, nutrientes etc.] e da topografia não são severas, a agricultura mecanizada tem avançado, muitas vezes acompanhada pela drenagem de nascentes. Quando essa não encontra condições adequadas, é o plantio extensivo de madeira para as indústrias de papel e celulose que se estabelece. Mais recentemente a mineração tem assumido um papel de destaque como ameaça, em especial para obtenção de areia para a construção civil. Outros problemas são avanço de áreas urbanas e industriais, propostas de novos traçados rodoviários e instalação de aterros.
ÉPOCA - É necessário proteger as características da escarpa, como a geologia e a vegetação, ao longo de toda a sua extensão?
Gilson - O plano de manejo e seu zoneamento ecológico econômico definem setores com diferentes graus de proteção, levando em conta os atributos da geodiversidade e da biodiversidade. Mas a conectividade de domínios ecológicos, reduzindo uma fragmentação que compromete a viabilidade ecológica de algumas espécies, deve sempre ser uma preocupação dos gestores da unidade. A APA da Escarpa Devoniana tem como substrato geológico dominante as rochas da Formação Furnas, que representa o principal aquífero de boa parte das cidades dos Campos Gerais. A manutenção de índices adequados de vazão, bem como de qualidade das águas, será mais viável com uma política integrada de atenção aplicada à região.
ÉPOCA - O que mudaria exatamente com o Projeto de Lei nº 527/2016?
Gilson - O projeto desfigura e inviabiliza a existência de uma unidade de conservação de uso sustentável. Caso ele seja aprovado, obrigatoriamente um novo plano de manejo precisará ser instituído. Com a expressiva redução da área e a remoção de setores com potencial agrícola, concentrando-se nas proximidades da crista da Escarpa Devoniana, a unidade assumiria um perfil mais adequado a uma unidade de conservação de proteção integral, tal como um parque estadual. Isso levaria obrigatoriamente à desapropriação de propriedades. Haveria também uma redução drástica nos valores de arrecadação de ICMS ecológico, impactando de forma diferenciada cada município com área abrangida pela nova configuração da APA. No mínimo o total global cairia para menos de um terço, já que essa é a redução de área prevista pelo projeto. Um grave efeito colateral da aprovação desse projeto será a consagração de um método ilegítimo, antidemocrático e desprovido de atenção com temas de ordem ambiental e cultural no tratamento das unidades de conservação do Paraná. Um prejuízo elevado aos paranaenses, principalmente em médio e longo prazo.
ÉPOCA - E qual seria o impacto ecológico na prática da lei?
Gilson - Algumas consequências imediatas é que várias atividades hoje proibidas ou limitadas pelo zoneamento ecológico econômico perderiam esse “freio”, intensificando a supressão de áreas com seus atributos naturais. Um domínio particularmente sensível são os campos naturais... Existe uma percepção incorreta de que, não sendo uma região de florestas, não merece proteção. Ou mesmo de que áreas com campos representam trechos com matas suprimidas. Indo além... Uma grande ameaça na região tem sido a introdução de plantio extensivo de pínus nos setores de relevo mais movimentado e/ou com afloramentos rochosos [especialmente junto à escarpa]. Além de afetar uma zona interessantíssima do ponto de vista ecológico [variedades rupícolas; serviços ambientais como a recarga de aquífero etc.] e cênico, traz a realidade da poluição vegetal, pois as sementes do pínus se disseminam com muita facilidade, pelo vento. Amplificando o comprometimento de áreas adjacentes. Não se trata de uma medida meramente burocrática. Ao reduzir significativamente a área, haverá a liberação de ações sem um controle ambiental e cultural mais rígido, em setores que, perante a lei, deveriam receber um tratamento especial. Os autores do projeto demonstram desconhecimento das questões básicas relativas ao enquadramento de uma unidade de conservação. Provavelmente não avaliaram detidamente que o novo recorte que estão propondo praticamente inviabiliza a existência de uma unidade de uso sustentável. Também podem achar que, com a necessidade de um novo plano de manejo, ajustado à nova dimensão da unidade, os setores que eles representam [agronegócio e silvicultura, principalmente] terão influência direta na definição das novas regras.
ÉPOCA - Qual é a chance realista desse projeto de lei ser aprovado?
Gilson - Esse projeto já teve um parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça [CCJ] no último dia 13 de dezembro. Mesmo tendo sido solicitados pareceres de diversos órgãos/instituições, essa comissão decidiu por apreciar a matéria antes de recebê-los. A Assembleia Legislativa está em recesso e o projeto só deverá voltar a tramitar em fevereiro de 2017. De acordo com um deputado que se opõe a esse projeto, ao menos outras três comissões deverão analisá-lo [Cultura; Ecologia e Meio Ambiente; Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural]. Ainda segundo ele, os proponentes prometeram que haverá uma rodada de audiências públicas para debater o projeto. Mesmo a CCJ já tendo definido seu parecer, ao menos o Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Ponta Grossa e o Ministério Público Estadual prepararam pareceres fortemente contrários ao projeto, apontando suas inconsistências e ilegalidades, enviando-as à Assembleia Legislativa. A outra estratégia tem sido buscar o apoio de diversos interlocutores da sociedade civil e organizada, além do preparo de textos de opinião, encaminhados à imprensa.
ÉPOCA - Qual é o interesse econômico a favor da manutenção da APA? Quem ganha com o uso sustentável dela hoje?
Gilson - Interesses econômicos atrelados a um sentido de justiça social e ambiental estão na base da proposta de manutenção da APA. Benefícios que se estendam a uma parcela mais ampla da sociedade e que não tenham uma visão imediatista. Diferentes modalidades de turismo [rural, ecológico, cultural, geoturismo] e práticas esportivas, junto com atividades agrícolas desenvolvidas em harmonia com a manutenção dos recursos naturais, tais como agricultura orgânica ou mesmo pecuária extensiva, são exemplos de empreendimentos em sintonia com as características dessa região especial. Também a possibilidade de que sistemas naturais possam continuar em operação, garantindo a manutenção de exemplares excepcionais da geodiversidade e biodiversidade brasileira e mesmo as próprias atividades econômicas.
GAZETA DO POVO
Publicado em 06/10/2012 | Derek Kubaski, especial para a Gazeta do Povo
Campos Gerais
Emissões do Granito Serra Carambeí estão um pouco acima dos índices considerados normais. Situação não é preocupante, mas exige atenção
Ele se dedicou ao estudo da área por aproximadamente três anos e, com esse trabalho, obteve o título de doutor em Geologia Ambiental pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 2010. A pesquisa constatou a presença, na rocha, de radionuclídeos (partículas que emitem radiação) dos seguintes elementos químicos: Urânio (U), Tório (Th) e Potássio (K). A unidade que mede a intensidade da radiação é o Sievert (Sv), cuja milésima parte é o milisievert (mSv).
O estudo mostrou que, em alguns locais, a Dose Anual de Radiação (DAR) emitida pela rocha é de dois milisieverts por ano (ou 2 mSv/ano). O limite recomendado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN – autarquia vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia) para a exposição contínua – sem intervalos – do corpo humano é a metade: 1mSv/ano.
Apesar da constatação de níveis de radiação acima do recomendado, Godoy afirma que não há nenhum motivo para alarme. “É um processo natural e que faz parte da decomposição da rocha. Precisamos, neste momento, aprimorar os estudos. No trabalho que desenvolvi nessa área, analisei cerca de 60 amostras de rocha, solo e outras 16 de água. Porém, para conseguir resultados mais consistentes, o ideal seria analisar, no mínimo, 500 amostras”, ressalta.
Sem alardes
O radioterapeuta Humberto Guerzoni compartilha da opinião do professor. Segundo o médico, o problema existe a partir da exposição continuada à radiação, que pode favorecer o aparecimento de algum tipo de câncer. “Se a exposição não for frequente, como é o caso da região desse estudo, o limite de radiação aceitável é de até 5mSv/ano, ou seja, cinco vezes maior que o limite da exposição contínua do corpo humano. Não vejo motivo nenhum para a população se alarmar.”
Godoy explica que a intensidade da exposição depende, também, da ventilação. “Neste local, nós estamos ao ar livre. Nós teríamos problemas se estivéssemos, por exemplo, numa adega ou numa garagem sem janelas e cujas paredes fossem feitas apenas deste granito. Não dele todo, apenas das partes onde foram identificados os maiores níveis. O risco, nesse caso, seria a formação do gás radônio, que se origina do decaimento [emissão de radiação] do urânio. Esse gás pode contribuir para o desenvolvimento de câncer de pulmão. Mesmo assim, a exposição teria de ser frequente e longa, por alguns anos”, explica Guerzoni lembra que o radônio é um gás sem cor e sem cheiro, o que torna difícil a detecção da sua presença no ambiente.
Professor busca apoio para novos estudos
Como não conseguiu bolsa de estudos nem ajuda por meio de financiamento, o geólogo Luiz Carlos Godoy teve de fazer a pesquisa com recursos próprios. Só para realizar os exames das amostras de rocha e solo, ele investiu R$ 15 mil. O pesquisador explica que a presença de urânio no Granito Serra Carambeí é conhecida há mais de 40 anos. Segundo o professor, no fim da década de 1960, a Petrobrás, que tinha escritório em Ponta Grossa, chegou a inspecionar o local para averiguar a possibilidade de extração comercial de urânio, mas a quantidade foi considerada insuficiente.
“Apesar de ser algo já conhecido por alguns pesquisadores, nunca foi feito um estudo sobre o impacto da presença desses materiais radioativos na região. Os resultados da pesquisa apontam para a necessidade de um estudo mais aprofundado, envolvendo uma equipe multidisciplinar. Estou tentando buscar apoio para que isso aconteça”, defende. (DK)
O Granito Serra Carambeí se estende por aproximadamente 100 km², distribuídos da seguinte maneira: 68 km² em Carambeí, 25 km² em Ponta Grossa e 9 km² em Castro. Em toda essa extensão, que abrange a localidade de Catanduva de Fora e imediações, vivem cerca de 900 pessoas. O local tem diversas propriedades rurais e pedreiras. No entanto, o geólogo Luiz Godoy afirma que as áreas onde foram identificados os maiores níveis de radiação são de mata ou lavoura e sem habitações próximas.
O trabalho do professor Godoy pode ser baixado pelo site “Domínio Público”, do governo federal. Para fazer o download, basta preencher um cadastro.
Água que abastece Ponta Grossa não representa riscos
A água da represa de Alagados abastece toda a cidade de Ponta Grossa. Apesar da proximidade com o granito Serra, no entanto, Godoy afirma que a água que chega às torneiras pode continuar sendo consumida com tranquilidade. “Os níveis de elementos radioativos detectados na água de Alagados são próximos de zero”, afirma. Segundo ele, os materiais radioativos chegam até a represa e aos rios próximos (principalmente o Jotuba e o Pitangui – que abastece Alagados) por meio da água que escorre pela superfície, inclusive sobre os vários pontos em que a rocha está exposta.
Apesar de ser uma área de diversas propriedades rurais, segundo Godoy, a mata original está bem preservada na região. “A presença da mata preservada é muito importante, especialmente a ciliar. Ela retém o material particulado [contendo radionuclídeos] que é transportado pelo fluxo de água da chuva. No entanto, em alguns pontos, a mata ciliar precisa ser reposta”, saliente Godoy.
Alerta
Segundo o pesquisador, apenas uma amostra de água merece atenção especial. De acordo com a pesquisa, a água de uma das nascentes da região apresenta uma concentração de urânio de mais de 64 microgramas por litro de água, quando o nível máximo estabelecido pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente e pela Agência de Proteção Ambiental Norte-Americana é três vezes menor: 20 microgramas. “O que preocupa é que essa água é consumida por animais e também por alguns moradores. Mesmo assim, não há motivo para alarme, já que esses níveis são variáveis. Por isso defendo um estudo mais apurado de toda a extensão do granito”, salienta.
FONTE: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1304655
Especial 19 de dezembro
Em comemoração aos 161 anos de emancipação política do Paraná, convidamos os leitores a listar os mais importantes símbolos do estado
15/12/2014 | 08:00 | Gazeta do Povo
Terra de gírias próprias, de pratos típicos e exuberantes pontos turísticos. Esse é o Paraná, que emancipado de São Paulo desde 1853, constrói há 161 anos suas tradições e sua cultura. De municípios que colocaram seus nomes na história do país a bandas e duplas musicais que mostram talento e competência.
A diversidade paranaense está expressa nas danças, em costumes. Terra de imigrantes, o Paraná mostra-se um verdadeiro exemplo de como as misturas das mais distintas culturas tornam a região rica e plural.
O ‘Paraná para você’ quer exatamente que você, leitor, mostre o que é tradicional de nosso estado nas vésperas do 161º aniversário de emancipação política do estado, comemorado no dia 19 de dezembro.
Navegue pelo menu e deixe sua opinião sobre o que mais representa o Paraná em cada uma das categorias.
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Riquezas naturais garantem abastecimento, são fontes de energia e trazem belos cenários
O potencial hídrico do Paraná é de fazer inveja a outros estados. Afinal, é graças a essa riqueza que os paranaenses contam com uma das sete maravilhas naturais do planeta, as Cataratas do Iguaçu. Também por conta desse potencial que o estado sedia a hidrelétrica de Itaipu, a maior do Brasil e que gera energia para países vizinhos.
Abastecimento da população, suporte para a agropecuária, fonte de energia e belos cenários. Isso é o que proporcionam os principais rios paranaenses, os quais você conhece agora:
Rio Paraná
O rio Paraná nasce entre os estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, na confluência dos rios Grande e Parnaíba. Com uma dimensão total de 3.998 quilômetros seria o nono rio mais extenso do mundo, caso fosse contado o trecho do rio Paranaíba. No estado do Paraná, ele demarca a fronteira entre Brasil e Paraguai até a foz do rio Iguaçu. Naquela região está a usina-barragem de Itaipu.
Rio Paranapanema
Divisor natural dos estados de São Paulo e Paraná, o Paranapanema tem uma extensão total de 929 quilômetros, mas boa parte dela em território paulista. Sua bacia hidrografia compreende uma área de 106 mil quilômetros quadrados, abrangendo 247 municípios onde vivem cerca de 4,8 milhões de habitantes. O rio concentra 5% da produção hidrelétrica nacional e importantes áreas de produção agropecuária.
Rio Iguaçu
Afluente do Paraná, o Iguaçu é o maior rio do estado. Formado pelo encontro dos rios Iraí e Atuba na parte leste de Curitiba, ele desagua nas Cataratas do Iguaçu, as maiores quedas em volume de água do planeta. Há divergências quanto à sua extensão: enquanto alguns autores afirmam ser de 910 quilômetros, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente aponta 1.320 quilômetros. Sua navegação foi iniciada em 1891.
Rio Tibagi
O Tibagi tem 550 quilômetros, sendo bastante usado para a prática de canoagem e rafting em função da grande quantidade de corredeiras. Suas nascentes se localizam entre os municípios de Campo Largo, Palmeira e Ponta Grossa, enquanto sua foz fica na divisa entre os estados de Paraná e São Paulo. A bacia do Tibagi se estende por 41 municípios, cobrindo mais de 25 mil quilômetros quadrados no território paranaense.
Rio Ivaí O rio Ivaí nasce em Prudentópolis, na região central, e banha o estado do Paraná em toda sua extensão. Após percorrer inúmeros municípios, o rio Ivaí deságua em um braço do rio Paraná. Uma de suas características é a cor das águas, que na maior parte do ano é marrom ou vermelha. Com 560 quilômetros, é considerado o maior rio totalmente paranaense, já que o Iguaçu banha também trechos do estado de Santa Catarina.
Rio Piquiri
Um dos principais afluentes da margem esquerda do rio Paraná, nascendo em Campina do Simão, na região centro-sul do estado, passa por vários municípios. Com 485 quilômetros de extensão, suas margens chegaram a ser palco da Guerra do Paraguai. O uso mais significativo da água é o abastecimento público, principalmente obtido por meio da captação subterrânea e voltada para o consumo humano e de animais.
COMDEMA chapa branca ou chapa vermelha?
Em meados de 2009, quando a discussão sobre a inadequação do local do aterro sanitário privado na cidade de Ponta Grossa atingia seu clímax, o Conselho Municipal de Meio Ambiente de então, após diversas consultas a órgãos públicos e especialistas, colocou-se contra o empreendimento. Agindo de forma isenta, o órgão concordou com as inadequações que os especialistas apontavam sobre o projeto. Entre elas, o fato do aterro situar-se na área de concentração de patrimônio natural e de unidades de conservação da cidade, e ainda sobre a área de recarga do Aquífero Furnas, manancial subterrâneo que abastece a maior parte dos poços “artesianos” da região.
De imediato o poder executivo municipal dissolveu o Conselho, e tratou de nomear outro em seu lugar. Este foi então chamado de “chapa branca” pelos ambientalistas, pois a maioria dos membros nomeados era subserviente ao prefeito da época, que era franco apoiador do aterro privado. Hoje o ex-prefeito responde a processo de improbidade administrativa por não cumprimento de compromissos para o correto gerenciamento do lixo na cidade.
Logo aquele conselho chapa branca tomou decisões contrárias ao seu regulamento, sempre favoráveis ao aterro privado. O que lhe rendeu processo judicial e anulação das tendenciosas decisões.
Saltemos agora cinco anos no tempo. Chegamos a outubro de 2014. Na noite do último dia 15, a Câmara de Vereadores realizou audiência pública justamente para discutir projeto de lei sobre a destinação mais adequada dos resíduos sólidos urbanos, problema ainda não resolvido até hoje. Foram convidados a debater representantes de diversas instituições da cidade, entre eles o atual presidente do COMDEMA.
Surpreendentemente, ao invés de falar em nome do meio ambiente e de seus princípios intrínsecos, como os conceitos de bem público, de precaução na proteção do bem coletivo e do necessário equilíbrio entre os interesses privados e a proteção ambiental, o representante do COMDEMA fez um discurso procurando desqualificar o Aquífero Furnas como um manancial relevante a ser protegido. Numa nítida postura de apoio ao questionado aterro privado.
Para tanto fez um discurso cheio de pretensos argumentos técnicos, na verdade equívocos sobre o significado do aquífero. Confundiu o Furnas, que é um aquífero onde a água acumula-se e desloca-se em fraturas e cavidades subterrâneas, com outros importantes aquíferos do Paraná, o Guarani e o Caiuá, onde a água preenche os poros entre os grãos da rocha. Um equívoco imperdoável para quem faz parte do COMDEMA. Um aquífero do tipo do Furnas, se por um lado tem a vantagem de ser capaz de produzir apreciáveis volumes de água, por outro é mais vulnerável à contaminação a partir da superfície do terreno, e por isso tem de ser mais protegido.
Na manhã do dia seguinte, os jornais da cidade anunciavam o desabastecimento e o racionamento de água em Ponta Grossa. O COMDEMA desdenha os mananciais subterrâneos da cidade, mas a crise de água já é realidade. Estaria o COMDEMA hoje mudando a cor de sua chapa, de “chapa branca” para “chapa vermelha”, ou seja, aquela que indica os veículos destinados ao aluguel? E, se assim for, a quem estaria prestando serviços?
Mário Sérgio de Melo, Geólogo, Professor do Departamento de Geociências da UEPG
obs: O CONDEMA é o Conselho Municipal de Meio Ambiente do Município de Ponta Grossa, composto por 27 entidades.
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O que é um Aquífero?
Um aquífero é toda formação geológica subterrânea capaz de armazenar água e que possua permeabilidade suficiente para permitir que esta se movimente. São verdadeiros reservatórios subterrâneos de água formados por rochas com características porosas e permeáveis que retém a água das chuvas, que se infiltra pelo solo, e a transmitem, sob a ação de um diferencial de pressão hidrostática, para que, aos poucos, abasteça rios e poços artesianos.
São através dos aquíferos que os cursos de águas superficiais (rios, lagos, nascentes, fontes, pântanos e afins) são mantidos estáveis e o excesso de água é evitado através da absorção da água da chuva. Como podem ser utilizadas como fonte de água para consumo, exigem cuidados para sua preservação afim de evitar a sua contaminação.
Aquíferos podem ser classificados de várias formas. De acordo com o armazenamento da água, podem ser:
(1) Aquíferos livres ou freáticos São reservatórios formados por rochas permeáveis, parcialmente saturados de água, cuja base é formada por uma camada impermeável (por exemplo, argila) ou semipermeável. O topo é limitado por uma superfície livre de água (superfície freática) que se encontra sob pressão atmosférica. O nível da água é determinado pelo regime de chuvas. É o tipo de aquífero mais comum e mais explorado e, portanto, o mais suscetível à contaminação.
(2) Aquíferos confinados ou artesianos Nestes reservatórios, o teto e a base são formados extratos rochosos impermeáveis. Além disso, ele está completamente saturado de água. A água subterrânea está confinada sob uma pressão maior que a pressão atmosférica. Por este motivo, quando se perfura para a extração de água (um furo artesiano), ela sobe para um o nível muito superior, podendo até jorrar. Nesse tipo de aquífero, a contaminação, quando ocorre, é muito mais lenta e portanto, muito mais difícil de se ser recuperada.
Outra classificação é aquela baseada no tipo de rocha armazenadora:
(1) Aquíferos Porosos Esses tipos de aquíferos apresentam poros por onde a água circula. São comumente formados por rochas sedimentares consolidadas (os detritos apresentam-se ligados por um cimento, como é o caso das brechas) ou não consolidadas (os detritos não estão ligados entre si, como no caso das dunas) e solos arenosos. Representam os tipos de aquíferos mais importante, pelo grande volume de água que armazenam, e por sua ocorrência em grandes áreas. Ocorrem nas bacias sedimentares e em todas as várzeas onde se acumularam sedimentos arenosos.
(2) Aquíferos Fraturados ou Fissurados Os aquíferos fraturados estão associados à rochas ígneas e metamórficas. A capacidade destas rochas em acumular água está relacionada à quantidade de fraturas, suas aberturas e intercomunicação. Poços perfurados nestas rochas fornecem poucos metros cúbicos de água por hora. A possibilidade de ter um poço produtivo dependerá, tão somente, de o mesmo interceptar fraturas capazes de conduzir água.
(3) Aquíferos Cársticos São formados em rochas carbonáticas, como o calcário. Constituem um tipo peculiar de aquífero fraturado, onde as fraturas, devido à dissolução do carbonato pela água, podem atingir aberturas muito grandes, criando, verdadeiros rios subterrâneos.
Aquífero Guarani
No Brasil, está localizada uma das maiores reserva subterrânea de água doce do mundo, o Aquífero Guarani. Tem, aproximadamente, 1,2 milhão de km², abrange partes dos territórios do Uruguai, Argentina, Paraguai e principalmente Brasil, onde está 70% da sua área total (840 mil km²), sob a região centro-sudoeste. O restante se distribui entre o nordeste da Argentina (255 mil km²), noroeste do Uruguai (58.500 km²) e sudeste do Paraguai (58.500 km²), nas bacias do rio Paraná e do Chaco-Paraná. Estima-se que quinze milhões de pessoas habitem a área de ocorrência do aquífero.
O Guarani é um aquífero livre e poroso: consiste primariamente de sedimentos arenosos que, depositados por processos eólicos durante o período Triássico (há aproximadamente 220 milhões de anos), foram modificadis pela ação química da água, pela temperatura e pela pressão e se transformaram em arenito, uma rocha sedimentar muito porosa e permeável e que permite a acumulação de água no seu interior.
Nomeado em homenagem ao povo Guarani, em 1996, possui um volume de aproximadamente 55 mil km³ e profundidade máxima por volta de 1.800 metros, com uma capacidade de recarregamento de aproximadamente 166 km³ ao ano por precipitação. Apesar de ser reputadamente capaz de abastecer a população brasileira com água potável por 2500 anos, não é a maior reserva existente. Esta distinção pertence a outro aquífero brasileiro, o Aquífero Alter do Chão, localizado em Alter do Chão, Pará.
Fonte: http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28001-o-que-e-um-aquifero
GAZETA DO POVO
Rota de tropeiros, escarpa pode virar patrimônio natural
Nos seus 260 km de extensão, a Escarpa Devoniana abriga sítios arqueológicos e paleontológicos, além de uma natureza exuberante
A Coordenação do Patrimônio Cultural, ligada à Secretaria Estadual de Cultura, oficializou recentemente o início do estudo para o tombamento da Escarpa Devoniana como patrimônio natural do Paraná. A análise, que será comandada pela própria Coordenação e por professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), vai apontar preliminarmente quais áreas poderão ser incluídas no tombamento.
Com 260 quilômetros de extensão, a formação geológica é importante para o estado por sua natureza bela e exuberante e também por sua relevância histórica, diretamente ligada ao desenvolvimento do Paraná. É o que defende o professor do curso de Agronomia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Carlos Hugo Rocha, que participou de um grupo de trabalho que levantou informações sobre a escarpa. Sustentada por rochas que se formaram há 400 milhões de anos, a formação corta o estado como se fosse uma cicatriz, dividindo o primeiro do segundo planalto. O geógrafo Almir Pontes lembra ainda que a área possui sítios arqueológicos e paleontológicos.
Na extensão da escarpa tem também unidades de conservação como o Parque Estadual do Guartelá, que tem o terceiro maior cânion do Brasil, e o Parque Estadual de Vila Velha, cujo platô de arenitos foi formado há 400 milhões de anos. “Tem paisagens magníficas, que sempre atraíram o olhar dos visitantes”, acrescenta Carlos Rocha.
Visão ampliada
Entre esses visitantes estavam os tropeiros que passaram pela região no século 18. Segundo Rocha, os campos naturais que margeavam a escarpa davam uma visão mais ampla. “Se um animal se perdesse ou se houvesse índios, eles tinham uma visão privilegiada, diferentemente do que acontecia dentro da mata fechada”, comenta o professor.
O entorno da escarpa oferecia aos viajantes da época um bom lugar para dormir (os campos) e banhar-se (os rios da regiã
Campos naturais margeiam a formação
A Escarpa Devoniana tem ainda áreas remanescentes de campos naturais. Segundo a publicação Ecossistemas Paranaenses, o território do estado tem 8,4% de campos naturais. O professor Carlos Rocha, que participou dos estudos iniciais, estima que essa área seja ainda menor, não alcançando 5% por causa do avanço da agropecuária ao longo dos anos.
O Paraná já tem outras áreas tombadas como patrimônio natural, como a Serra do Mar e o Parque Estadual de Vila Velha. Para o professor Rocha, a inclusão da escarpa na relação de bens tombados não traria impactos na produção econômica do entorno. “Praticamente toda a área já foi usada e a que não foi é porque não oferece boas condições para a agropecuária.”
Recentemente, a APA da escarpa ganhou um novo mapa cartográfico, mais exato que o anterior. O setor produtivo, representado pela Federação da Agricultura do Paraná (Faep), pediu uma revisão do mapa, mas ainda não há uma posição do governo estadual.
O estudo para o tombamento da Escarpa Devoniana havia sido aprovado em reunião do Conselho Estadual em 20 de agosto deste ano. Desde 1992, a área da escarpa é uma unidade de conservação classificada como Área de Proteção Ambiental (APA), que permite a exploração econômica com licenciamentos ambientais, mas o tombamento irá conferir maior proteção à formação geológica. Conforme o geógrafo e membro da Coordenação do Patrimônio Cultural, Almir Pontes Filho, não é possível definir o tamanho da área do entorno a ser incluído no estudo.
Proposta
Uma proposta era tombar dois quilômetros ao longo de toda a extensão da escarpa, mas a área vai depender dos estudos, que incluirão georreferenciamento e análise do perfil do entorno. Independentemente do resultado do levantamento, no entanto, conforme a Coordenação, a área já é protegida por causa da Lei Estadual 1.211/53, que regula os bens tombados no Paraná.
Portanto, a exploração econômica vai depender do grau de preservação do trecho avaliado na escarpa durante o estudo técnico.
O processo de definição do tombamento é longo e complexo, conforme explica a chefe da Coordenação do Patrimônio Cultural, Rosina Coeli Alice Parchen. Um dos elementos da discussão é a existência de propriedades rurais e a possibilidade de indenizações. O entorno da escarpa tem áreas públicas e privadas. Não há um prazo definido para o fim do estudo.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1498429&tit=Rota-de-tropeiros,-escarpa-pode-virar-patrimonio-natural - 13/04/2014.
Documento vai definir limites da APA e possibilitar projetos. Escarpa Devoniana é uma das formações geológicas mais importantes do PR
Vinte e dois anos após a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) da Escarpa Devoniana, em 1992, que é uma das principais formações geológicas do Paraná, finalmente o governo estadual finalizou, neste ano, o mapa cartográfico do local. A antiga base cartográfica é imprecisa com relação aos limites da APA, o que gera dúvidas entre proprietários de áreas próximas, agricultores, mineradores e prefeituras. A incerteza também impacta na aplicação de multas por eventuais crimes ambientais, já que a legislação para o que pode ser feito dentro de uma APA é mais rígida.
A Escarpa Devoniana ganhou este nome porque é sustentada pela formação furnas, um tipo de rocha que teria sido formada no período devoniano, ou seja, há 400 milhões de anos. A escarpa é uma espécie de degrau topográfico que separa o Primeiro do Segundo Planalto Paranaense. “É uma formação característica do Paraná, não se vê nada parecido nos estados vizinhos de Santa Catarina e São Paulo”, comenta o geólogo e professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa Mário Sérgio Melo. Os 392 mil hectares de área da Escarpa Devoniana têm belezas naturais, como cânions (entre eles o Guartelá), vales, rios e campos naturais.
Conforme a gerente da APA da Escarpa Devoniana e chefe do Departamento Socioambiental do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Margit Hauer, o novo mapa não traz mudanças significativas na APA. Ela continua sendo uma unidade de conservação de uso sustentável, e não será preciso fazer nenhuma desapropriação. O Conselho Gestor da APA fez reuniões para discutir outros usos para a unidade, como o turístico. Um dos projetos em discussão é a delimitação dos caminhos usados pelos tropeiros e o resgate cultural desses espaços.
Monocultura e espécies invasoras preocupam
Margit Hauer, do IAP, lembra que a devastação dos campos na área da escarpa não é tão perceptível quanto o desmatamento de florestas. Por isso, o monitoramento tem de ser constante. A monocultura, o avanço natural da floresta da Mata Atlântica e as espécies invasoras são algumas das preocupações do Conselho Gestor para evitar a degradação da APA. Embora as atividades agrícolas e minerais sejam permitidas na unidade, o Conselho atenta para o cumprimento do Plano de Manejo. A Federação da Agricultura do Paraná encaminhou ao IAP pedido de ajuste do novo mapa, mas não quis se manifestar sobre o assunto até que o instituto dê retorno sobre o tema. Segundo Margit, o IAP orientou prefeituras e entidades de classe, informando que a APA pode ser aumentada com leis municipais. A redução, porém, só pode ser feita com lei estadual. O Plano de Manejo da APA existe desde 2004 e o Conselho Gestor foi instituído em 2013. O mapa cartográfico recém-criado foi enviado aos conselheiros e às 12 prefeituras que integram a área. Tão logo seja apreciado por todos, será devolvido ao IAP, que publicará uma portaria com os limites da APA. Até então, o órgão havia criado uma faixa de segurança no entorno para atuar nos casos de dúvidas sobre os limites.
Lobato: sexta melhor cidade no ranking do estado
Pequenas cidades, grandes avanços
Lobato
288 municípios do Paraná possuem nível de desenvolvimento médio (dados de 2011 do Ipardes), ante 146 que estavam nessa condição no início da década (2002). Isso mostra o crescimento do número de cidades que conseguiram aprimorar as condições de renda, saúde e educação de sua população. Além disso, conforme os dados de 2011, 16 municípios tinham índice de desenvolvimento alto, acima de 0,8. Lembrando que o índice IPDM varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, melhor é o índice de desenvolvimento.
Douradina
População (Censo): 7.445; IPDM (2011): 0,8495. Em 2011, Douradina ultrapassou Maringá e ficou com o segundo maior IPDM do estado, atrás apenas de Curitiba (0,8746). O município do Noroeste foi instalado em 1983 . Entre as atividades econômicas mais importantes estão o comércio, a indústria de madeira e mobiliário e a produção de frangos. O festejo mais tradicional é a Festa do Peão de Douradina (Fepeina), que costuma ocorrer no verão. O nome da cidade faz referência à Serra dos Dourados, que fica na região.
Cafelândia
População (Censo): 14.662; IPDM (2011): 0,8261. Cidade do Oeste que ocupa a sétima posição no ranking estadual do IPDM, Cafelândia foi instalada em 1983, mas antes disso já era uma comunidade próspera. Nos anos 1950, a região fértil atraiu migrantes gaúchos e catarinenses, que em 1963 fundaram a Cooperativa Agroindustrial Consolata (Copacol). Nessa época, a cooperativa construiu uma usina para levar energia à cidade. Com o tempo, os cafezais que inicialmente puxavam a economia local foram substituídos pela agropecuária, com grande produção de grãos, aves, suínos e leite, entre outros.
Entre Rios do Oeste
População (Censo): 3.926; IPDM (2011): 0,8132. Também localizada no Oeste, a cidade tem o 10.º maior IPDM do Paraná. No início do século 20, a região recebeu grandes levas de imigrantes alemães. A agropecuária continua sendo o principal motor econômico da cidade, com a produção de galináceos, suínos e leite. A tradição alemã é lembrada com a Frühlings Fest (festa da primavera), realizada tradicionalmente no mês de setembro. Diz a lenda que o nome da cidade faz referência ao Rio São Francisco “verdadeiro” e ao “falso” da região.
Perobal
População (Censo): 5.653; IPDM (2011): 0,8131. Localizada no Noroeste, Perobal tem economia ligada à produção de álcool e açúcar, além da pecuária. Apesar das dificuldades que vêm sendo enfrentadas no ramo sucroalcooleiro, a incorporação de novas tecnologias tem ajudado as empresas a se manterem, contribuindo para o desenvolvimento local. A presença de florestas com peroba teria dado origem ao nome do município. O distrito foi criado ainda em 1961, mas a emancipação só ocorreu em 1992.
PONTA GROSSA, PR - ANOS 90
Arte rupestre
Publicado em 08/06/2014 | Derek Kubaski, especial para a Gazeta do Povo
Os pontos de arte rupestre estão principalmente na região que se estende entre Ponta Grossa (Campos Gerais) e Sengés (Norte Pioneiro). A área é rica em arenito, um tipo de rocha sedimentar na qual – apesar de bastante frágil – as pinturas se conservam mais. Os desenhos podem ter sido feitos por povos Umbu (caçadores-coletores), que chegaram há cerca de 9 mil anos, e povos “Jê”, como os Itararé-Taquara (agricultores e ceramistas), que começaram a ocupar o território há 4 mil anos.
Desenhos retratam animais e cenas de caça e pesca
Guartelá
A região de Tibagi (Campos Gerais) possui diversos blocos de arenito com pinturas rupestres, com idades que variam entre 2 mil e 7 mil anos. Elas costumam retratar cenas de caça e pesca, além de figuras geométricas e animais. Parte dessas pinturas pode ser visitada dentro do Parque Estadual do Guartelá, a 18 km da cidade, numa trilha que demora cerca de três horas e meia para ser percorrida a pé. O número de visitantes é limitado a 40 por dia e é preciso contratar, necessariamente, uma das três operadoras de turismo especializadas na trilha: Guartelá Ecoturismo (www.tibagiturismo.com.br / 42-3275-1357), Tibagi Aventuras (www.tibagiaventuras.com.br / 42-3275-2778) ou Itaimbé do Guartelá (www.trilhasguartela.com.br / 42-8874-7430). O parque funciona de quarta a domingo e feriados, entre 8 e 16h30. Também na região do Guartelá existem trilhas com pinturas rupestres em outros pontos, como o Recanto Ecológico da Dora (42-8855-5661) e a Fazenda São Damásio. Mais informações na Secretaria Municipal de Turismo: 0800-6431388 / 42-3916-2150 / 42-3916-2149.
Museus
Na área externa do Museu Regional do Iguaçu, que funciona na Usina Hidrelétrica Ney Braga, em Reserva do Iguaçu (Centro-Sul do Paraná), o visitante pode conhecer algumas gravuras rupestres, com predominância de formatos circulares, em dois blocos de basalto que foram recolhidos do vale do Rio Iguaçu durante o resgate arqueológico que antecedeu a criação da Usina Hidrelétrica de Salto Caxias. O atendimento é feito de segunda a sexta-feira, das 9 às 12 horas e das 13 às 17 horas. Telefones: (42) 3675-1801 / 3675-1803. Em Curitiba também é possível conhecer alguns fragmentos e fotografias de arte rupestre, além de alguns pigmentos utilizados nas pinturas, na exposição permanente do Museu Paranaense, que funciona de terça a sexta, das 9 às 18 horas, e aos sábados e domingos, das 10 às 16 horas. O Museu Paranaense fica na Rua Kellers, 289, no Alto São Francisco (41-3304-3300). Tanto o Museu Regional do Iguaçu quanto o Paranaense têm entrada franca.
Serra do Pirahy
Em Piraí do Sul (Campos Gerais), o visitante da Pousada Serra do Pirahy pode conhecer bem de perto algumas pinturas rupestres, geralmente com formatos geométricos, presentes em rochedos da propriedade. O passeio é conduzido pela direção da pousada e dura cerca de três horas. O valor para quem quer apenas fazer a trilha é de R$ 10 por pessoa. O visitante também tem a opção de almoçar (R$ 25) e tomar café da tarde (R$ 12). O local oferece apartamentos e um chalé para hospedagem. Mais informações: www.pousadaserradopirai.com.br / (42) 3237-3402. Localização: PR-090, km 159 (sentido Piraí a Ventania).
Pedra da Pintura
Situada a apenas 8 km do Centro de Jaguariaíva (Campos Gerais), a Pedra da Pintura contém desenhos, já um pouco desgastados, que representam animais. Ela abre o passeio pelo Parque Estadual do Vale do Codó. O parque não tem equipe própria de recepção e o acesso é livre, mas recomenda-se contratar alguma das operadoras de turismo locais, até mesmo por questão de segurança: a Adventours Friends (42-9613-1490) ou a Bioritmo (42-9686-1503). No mesmo passeio é possível conhecer a cachoeira Véu da Noiva e o Lago Azul.
Fonte: Gazeta do Povo - 08/06/14
Primeiros habitantes vieram dos Andes e da Amazônia, atraídos pelo clima e alimentos. Eles disputavam espaço com tigres e mastodontes
Um território tomado por aproximadamente 200 mil índios, a maioria pertencente aos ancestrais dos atuais povos Kaingang, Xokleng, Xetá e Guarani (na época chamados Carijós devido à plumária dos adornos que usavam). A história do que conhecemos hoje como Paraná remonta há mais de 10 mil anos. Antes da “descoberta” dos colonizadores europeus, a área era tomada por indígenas que foram pegos de surpresa com a chegada do homem branco.
Os primeiros povos a chegarem ao Paraná eram oriundos de terras andinas e amazônicas. Nesse período, conforme a arqueóloga do Museu Paranaense Cláudia Parellada, o clima era mais frio e seco, com a vegetação predominante de campos e cerrados. Esses povos conviveram com animais já extintos, como a preguiça gigante, o mastodonte e o tigre dente de sabre, fazendo grandes pontas de projéteis, caçando aves, pequenos mamíferos e roedores, além da pesca.
Índios deixaram rastros históricos em conchas e pinturas nas cavernas
Ainda hoje há registros históricos da presença dos índios antes da colonização europeia no Paraná. Um dos mais famosos são os sambaquis, encontrados principalmente no Litoral, que corresponde a aterros elaborados por diferentes populações pré-coloniais, principalmente de conchas de moluscos e, em menor escala, de ossos de animais.
Alguns foram planejados e construídos como grandes centros cerimoniais para a realização de sepultamentos. As grandes montanhas de sambaquis (algumas com mais de 30 metros de altura) revelam inúmeros objetos e rituais das comunidades. Estima-se que existam 340 sambaquis pelo Paraná.
Pinturas
Muitos povos primitivos que ocuparam o Paraná deixaram nas paredes das cavernas memórias de milhares de anos atrás. As pinturas, geralmente vermelhas ou pretas, são figuras de animais associadas a seres geométricos, seres humanos e plantas. A maior parte das pinturas rupestres no Paraná está concentrada em abrigos e cavernas na região dos Campos Gerais.
No fim do mês passado, a arqueóloga do Museu Paranaense Cláudia Parellada descobriu em Piraí do Sul um novo conjunto de arte rupestre. A data estimada das pinturas é de 4 mil anos e retrata uma cena de dança ritual. “É uma descoberta muito importante para o Brasil. Esta área está cadastrada há 22 anos, mas não havia recursos tecnológicos para fazermos a exploração”, diz.
A cena apresenta cerca de 120 figuras, sendo que muitas parecem flutuar, entre elas figuras humanas, animais e seres fantásticos. Segundo a arqueóloga, é um trabalho sofisticado pelos detalhes e porque a maior parte do painel parece ter sido pintada ao mesmo tempo.
Veja alguns patrimônios pré-coloniais tombados como patrimônio histórico no Paraná.
• “Sambaquis A e B do Guaraguaçu”, município de Pontal do Paraná, tombado em 1982;
• “Sítio Arqueológico da Cidade Real de Guairá”, localizado no município de Terra Roxa, tombado em 2007;
• Sítio arqueológico de Santo Inácio, no município de Santo Inácio, em processo final de tombamento;
• Sítio arqueológico de Loreto, no município de Itaguagé, em processo final de tombamento;
• Duas reduções jesuíticas espanholas localizadas nas margens do Rio Paranapanema, em processo final de tombamento.
“Com o clima tornando-se cada vez mais quente e úmido, outros grupos caçadores e coletores migraram para o Paraná, ocupando em momentos diversos tanto o vale de grandes rios, como o Iguaçu, o Ivaí, o Tibagi e o Paraná, como topos de morros e montanhas e o litoral”, afirma Cláudia.
Os primeiros ocupantes eram caçadores-coletores e nômades, mesmo aqueles que produziam seus alimentos. Estes, pela natureza das suas atividades, permaneciam nos lugares por período mais prolongado. Tal mobilidade explica a rápida dispersão do grupo pelo território, criando uma falsa impressão de que o ocupavam completamente. Segundo Cláudia, as variações climáticas explicam parte das rotas seguidas por alguns grupos para facilitar a busca por alimentos. Além disso, disputas de poder, mudanças por mortes e capturas também motivaram as constantes migrações indígenas.
Para caçar, os indígenas usavam armadilhas, arpões e flechas com pontas de osso, madeira e pedra, e preparavam os alimentos com auxílio de talhadores, raspadores e facas lascadas em rochas ou minerais. Testemunhos desse período foram encontrados em um dos sítios arqueológicos mais antigos do Paraná: Ouro Verde, situado no Sudoeste paranaense, no vale do Rio Iguaçu, e onde foram identificados vestígios de caçadores-coletores do grupo chamado Umbu, com mais de 9 mil anos.
Já os primeiros povos ceramistas e agricultores chegaram ao Paraná há 4 mil anos. “Eram os agricultores Itararé-Taquara que moravam em aldeias com 200 a 300 pessoas, divididas entre 4 e 6 casas comunitárias”, conta a pesquisadora. Em áreas próximas plantavam roças de milho, amendoim, feijão e abóbora. Também coletavam mel, pinhão e alguns frutos.
Os indígenas paranaenses viram suas vidas mudarem com a chegada definitiva dos primeiros colonizadores espanhóis a partir de 1550. Os nativos deram adeus ao “sossego”, muitos deles escravizados pelos europeus.
A rotina indígena no Paraná começou a mudar com a chegada dos colonizadores europeus. Até 1549, o norte do litoral paranaense era ocupado por aldeias de tupiniquins, de língua Tupi. Na mesma época, até 1560, a baía de Paranaguá era habitada por Carijós, de língua Guarani. Nessa época, o Brasil estava dividido.
O Tratado de Tordesilhas, celebrado entre Portugal e Espanha, colocava sob domínio espanhol a Região Oeste do território paranaense (onde hoje fica a fronteira com a Argentina e o Paraguai). Nessa área, denominada Província del Guairá, povoada por grupos indígenas das famílias linguísticas Tupi-Guarani e Jê, a Coroa espanhola fundou três cidades, a primeira em 1554, chamada Ontiveros.
Missões jesuíticas
A antropóloga Cláudia Parellada explica que a partir de 1610, numa tentativa de conquistar Guairá com o menor número de conflitos com os grupos indígenas Guarani e Jê, foram criadas 15 missões jesuíticas, que tiveram apoio da Espanha.
Paralelamente, os portugueses começavam a ocupar o litoral do Paraná, iniciando a fundação de pequenos arraiais. Ainda em meados de 1578, há relatos históricos que apontam a exploração de ouro na região, que seria o primeiro descoberto no país.
Com a descoberta do metal precioso, formaram-se Companhias de Índios das Minas para explorar a mão de obra de indígenas carijós, também levados como escravos para as localidades de São Paulo e Goiás. Nessa época, o Litoral era percorrido por indivíduos isoladamente ou por bandeiras predadoras de índios, sem que se fixassem na região.
Caça aos escravos
Os ataques dos bandeirantes portugueses vindos de São Paulo eram constantes na região espanhola do Paraná. O objetivo era afugentar os espanhóis da localidade e capturar indígenas para trabalhar em áreas agrícolas de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Muitos índios foram mortos durante essas investidas dos europeus.
Esse processo de destruição durou até 1631, quando todas as missões foram destruídas ou simplesmente abandonadas. A cidade espanhola de Villa Rica foi sitiada por três meses pelos paulistas e arrasada em 1632. Ciudad Real del Guairá foi abandonada na mesma época, pois os habitantes temiam o ataque dos bandeirantes. Assim, a Região Oeste do Paraná tornou-se parte da Coroa portuguesa.
Somente em 1646 o lusitano Gabriel de Lara, motivado pela exploração de ouro na região onde hoje é Paranaguá, iniciou o povoamento português nessa região do estado, efetivando a mineração no Paraná.
Fonte: Gazeta do Povo - 08/03/14
História ameaçada
Marcos de uma época áurea do Paraná, estações ferroviárias sofrem com ação do tempo e atos de vandalismo em Ponta Grossa
Publicado em 09/02/2014 | Derek Kubaski, especial para a Gazeta do Povo .
Não há mais som de apito nem o enorme pátio cheio de trilhos e vagões. No entanto, três prédios centenários ajudam a população a não esquecer que o atual Complexo Ambiental Manoel Ribas – uma enorme praça na região central – já foi um grande terminal ferroviário em Ponta Grossa, nos Campos Gerais.
Os imóveis onde funcionaram a Estação Central de Ponta Grossa (conhecida como Estação Saudade), a Estação Paraná e um armazém de cargas resistem à indiferença a uma história que começou há 120 anos, em 1894, quando foi inaugurada a estrada de ferro ligando a cidade a Curitiba.
Falta de um plano de preservação expõe uma história “descarrilada”
As duas estações e o armazém de cargas ficam bastante próximos, mas a ausência dos trilhos e os imóveis mais modernos que dominam a paisagem tornaram menos visível o conjunto de interesse histórico formado por esses imóveis. O professor de Geografia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Leonel Brizolla Monastirsky, desenvolve uma linha de pesquisa voltada à necessidade da preservação do patrimônio ferroviário. Segundo ele, nos anos 1980 a prefeitura estudava um meio de aproveitar o que havia restado das linhas férreas e das construções usadas pela antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA).
“O governo municipal recebeu, na época, duas propostas arquitetônicas que previam a utilização dos trilhos. Uma delas projetava a criação de um metrô aberto interligando toda a cidade, já que as linhas saíam do Centro em direção a várias regiões”, explana. No entanto, uma terceira proposta – a única que previa a retirada dos trilhos – acabou sendo aprovada.
Como resultado, o antigo pátio da RFFSA foi transformado numa praça denominada Complexo Ambiental Manoel Ribas. “Com o tempo, edifícios mais modernos foram construídos em volta. Tudo isso acabou provocando uma ruptura no conjunto histórico que esses prédios formam.”
Repleta de pichações e com vidros quebrados, a Estação Saudade é a maior e mais imponente das três edificações. Tombada pelo Conselho do Patrimônio Histórico do Paraná, foi construída em 1900 com base na arquitetura francesa da época. Em 2004, depois de uma reforma, o local passou a abrigar a Biblioteca Pública Municipal Professor Bruno Enei.
Porém, um problema grave de infiltração causou danos no prédio e no acervo de livros. No final de 2012, a biblioteca foi transferida para outro local. Desativada desde então, a Estação Saudade se tornou alvo de vandalismo.
O presidente da Fundação Municipal de Cultura (FMC), Paulo Eduardo Goulart Netto, diz ter intenção de devolver a finalidade cultural ao espaço com a criação de um museu ou de uma pinacoteca.
“Essa estação precisa de uma nova reforma. As calhas estão entupidas e isso está provocando uma infiltração intensa nas paredes. Só que a Fundação não dispõe de recursos para fazer toda a restauração. Vamos tentar obter esses recursos através das leis de incentivo à cultura e precisamos acertar os detalhes da obra com o governo do Paraná, já que ela é tombada em âmbito estadual”, afirma Netto. O telhado do imóvel também está bastante danificado.
Da arte ao mercado
Em 1996, depois de um restauro, o antigo armazém de cargas (especialmente erva-mate, madeira e animais) foi transformado na chamada “Estação Arte”, espaço onde foram realizadas diversas exposições de artistas locais. Em 2007, o prédio passou a ser uma unidade do Mercado da Família, onde pessoas de baixa renda podem fazer compras com valores abaixo dos mercados convencionais.
A historiadora Isolde Maria Waldmann pesquisou a história de diversos imóveis tombados de Ponta Grossa e lamenta a perda do espaço de cultura. “Era um lugar bonito, grande, com boa iluminação e que havia sido restaurado justamente para servir como galeria de arte.”
Dos três imóveis, apenas a antiga Estação Paraná – ao lado do armazém – tem uma finalidade cultural que vai além das paredes. Desde 1995, ela abriga a Casa da Memória Paraná, onde a população pode pesquisar jornais, fotografias, livros e outros materiais que contam a história de Ponta Grossa e das próprias ferrovias. Nos fundos, está em exposição permanente uma Maria-Fumaça com mais de 70 anos, bastante afetada pelo vandalismo e pela ação do tempo.
No auge, fábricas viravam escola de ferroviários
Em 1940, quando Ponta Grossa vivia o auge do transporte ferroviário, os barracões de uma antiga fábrica de pregos foram transformados na Escola Coronel Tibúrcio Cavalvanti. Mantida pela RFFSA, ela oferecia cursos de formação para jovens interessados em trabalhar na própria Rede. “Era o maior orgulho para o pai que trabalhava na ferrovia quando os filhos seguiam o mesmo caminho”, ressalta a historiadora Isolde Waldmann.
Com o tempo, a escola também passou a oferecer cursos profissionalizantes em diversas áreas para as famílias de ferroviários e para a comunidade. “Tive um filho que se formou em marcenaria na ‘Tibúrcio’. Até hoje ele fabrica brinquedos em madeira”, conta Isolde.
A escola foi desativada em 1971. Ao contrário dos demais imóveis, adquiridos pela prefeitura, a escola sempre pertenceu à iniciativa privada. “Houve uma época em que o governo municipal cogitou a aquisição, mas ela acabou não ocorrendo”, diz a historiadora.
Ano passado, a parte interna do imóvel foi demolida para a construção de um condomínio formado por três prédios, mas a fachada – tombada pelo município – foi toda mantida. A obra tem todas as liberações do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural.
“A manutenção de uma fachada histórica demanda mais esforço, mas vale a pena. Estamos ajudando a manter viva uma parte da história da cidade”, afirma o arquiteto responsável pela obra, Luiz Eduardo Carvalho da Silveira.
Fonte: Gazeta do Povo (09/02/2014)
AS SETE MARAVILHAS DE PONTA GROSSA
Por :- Mário Sérgio de Melo
Há poucos dias, recebi de uma grande amiga baiana, uma mensagem indignada. Essa mensagem lamentava a degradação de outrora maravilhas de Salvador, tais como a Lagoa de Abaeté, o Elevador Lacerda, o Pelourinho, e sua substituição por novas “maravilhas”, o metrô (alvo de denúncias de corrupção), o Rio Lucaia (esgoto a céu aberto), a Praça Cayru (patrimônio em ruínas), a Estação Lapa (abrigo de mendigos), o Aeroclube (ruínas de um parque que nunca existiu), o sistema de ferry-boats (frota sucateada), o Parque São Bartolomeu (outro esgoto a céu aberto).
Os soteropolitanos(baianos), inconformados com a degradação de sua cidade, estão manifestando sua indignação através das redes sociais. Estas, como se sabe, um meio de comunicação de grande penetração, isento das filtragens ideológicas que tendem a uniformizar a informação.
A mensagem de minha amiga provocou-me pensar algo semelhante para Ponta Grossa. Quais seriam as sete “maravilhas” de nossa cidade? Arrisco-me a relacionar. Mas desafio os ponta-grossenses e que também têm indignação com desmandos que contribuem para a deterioração da cidade, a revelarem suas próprias listas de “maravilhas”.
EM PONTA GROSSA AS SETE MARAVILHAS , SERIAM...
A primeira “maravilha” da cidade seria o Mercado Municipal. Não há lugar que melhor represente a história das transações, dos produtores, dos consumidores, dos comerciantes e seu cuidado com as mercadorias.
Em segundo lugar, viria o estádio de futebol. Uma cidade com um time com mais de cem anos deveria ter um estádio à altura.
Em terceiro lugar, o time de futebol. O Operário Ferroviário é um time com história, com uma imensa torcida. Como é que o time não consegue firmar-se entre os melhores do estado, como é que não consegue atrair investimentos duradouros, para bancar a revelação de talentos e manter o plantel?
A quarta “maravilha” poderia ser o Cine Império. Um patrimônio cultural que acolheu os devaneios e suspiros da época de ouro do cinema, hoje uma ruína, um reles objeto de mesquinhas disputas judiciais.
Em quinto lugar, o Rio Pilão de Pedra, manancial do pouso de tropas que deu origem a Ponta Grossa, com as nascentes na Praça Barão de Guaraúna e no Ponto Azul. Hoje, canalizado por debaixo dos prédios e construções, como que num esforço para soterrar a memória da cidade, emerge pouco adiante LOGO DEPOIS DO MERCADO MUNICIPAL, onde se transforma num esgoto a céu aberto que traduz o desapreço com que a história e a tradição são tratadas.
Em sexto lugar, o Trevo do Vendrami, a porta de entrada ou de saída da cidade. O motorista menos experiente enfrenta ali um desafio, em meio a vias mal planejadas, mal sinalisada e a um visual deteriorado.
A sétima “maravilha”, a Chácara Dantas, parque estadual edificado com recursos municipais, ou seja, com a contribuição dos munícipes, hoje.
Ponta Grossa tem ainda outras “maravilhas”.
Uma elite econômica atrasada, que ainda não se realizou e ainda vive pensando que estamos mais na época das sesmarias. Um quadro de homens públicos que ainda não realizou que não estamos mais na época da monarquia.
É hora de a população reivindicar que suas maravilhas sejam motivo de seu orgulho. E não do constrangimento pelo escancarar de um teimoso provincianismo.
Geólogo, Professor do Departamento de Geociências da UEPG
Capítulo 1 - Os Campos Gerais do Paraná
Capítulo 2 - Geologia dos Campos Gerais
Capítulo 4 - Relevo e hidrografia dos Campos Gerais
Capítulo 5 - Alguns aspectos do clima dos Campos Gerais
Capítulo 8 - A vegetação campestre nos Campos Gerais
Capítulo 9 - A vegetação florestal nos Campos Gerais
Capítulo 11 - As aves dos Campos Gerais
Capítulo 12 - Mamíferos dos Campos Gerais
Capítulo 14 - Répteis dos Campos Gerais
Capítulo 17 - Arqueologia dos Campos Gerais
Capítulo 21 - Unidades de conservação nos Campos Gerais
Capítulo 23 - O patrimônio natural dos Campos Gerais e a sustentabilidade regional
Os Campos Gerais do Paraná, segundo sua definição original (MAACK 1948).
1: Escarpa da Serra Geral; 2: Escarpa Devoniana; 3: Extensão original dos campos naturais no Segundo Planalto Paranaense.
Portanto, trata-se de uma definição que integra critérios fitogeográficos e geomorfológicos, que por sua vez exprimem a estrutura geológica e natureza das rochas, responsáveis pelos solos rasos e arenosos, pouco férteis, que favorecem a vegetação de campos, e o aparecimento do limite natural representado pela Escarpa Devoniana, um degrau topográfico que em vários locais ultrapassa 300 m de desnível. Entretanto, a identidade histórica e cultural da região dos Campos Gerais remonta ao século XVIII, quando, graças aos ricos pastos naturais, abundância de invernadas com boa água e relevo suave, foi rota do tropeirismo do sul do Brasil, com o deslocamento de tropas de muares e gado de abate provenientes do Rio Grande do Sul com destino aos mercados de São Paulo e Minas Gerais. Nessa época, os campos naturais da região tornaram-se muito disputados, e a coroa portuguesa começou a expedir cartas de sesmarias em favor de homens a ela fiéis e de prestígio político local. O ciclo do tropeirismo, que se estendeu ao início do século XX, ainda hoje tem grande influência na cultura e costumes dos Campos Gerais do Paraná, cuja população preserva muitos hábitos herdados dos tropeiros, em sua maioria de origem gaúcha.
Mais recentemente, outras definições têm sido adotadas para os Campos Gerais, atendendo a objetivos e interesses diversos, resultando em delimitações também diferentes. Para a Associação dos Municípios dos Campos Gerais - AMCG, prevaleceram critérios econômicos e políticos. Para a UEPG, têm prevalecido critérios de identidade histórica e geográfica, além da área de influência da Universidade. Para os consórcios de gestão ambiental, por exemplo o COPATI (Consórcio Intermunicipal para Proteção Ambiental da Bacia do Rio Tibagi), ligado ao SEHR - Sistema Estadual de Recursos Hídricos, tem prevalecido a área da bacia hidrográfica do Rio Tibagi. Para o Dicionário Histórico e Geográfico dos Campos Gerais, adotou-se uma definição que procura preservar os critérios naturais e históricos de identidade regional, e ao mesmo tempo seja funcional diante das tendências recentes de organização do espaço. Os critérios de homogeneidade foram: 1o.) Fitogeografia: a vegetação primitiva do município deveria ter sido, no todo ou em parte, de Campos Limpos. 2o.) Tropeirismo: o município deveria ter estado integrado ao "Caminho de Viamão", principal rota das tropas no século XVIII e XIX. 3o.) Associativismo: o município deve integrar a Assossiação dos Municípios dos Campos Gerais (AMCG).
Como critério de polarização utilizou-se a área de atuação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), onde considerou-se os Campi Avançados e as atividades extensionistas. Para fazer parte da área de abrangência do Dicionário, o Município deveria combinar pelo menos dois destes critérios.
Assim, para os efeitos do Dicionário, os Campos Gerais do Paraná são formados pelos seguintes municípios, conforme quadro abaixo:
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Referências Bibliográficas MAACK, R. 1948. Notas preliminares sobre clima, solos e vegetação do Estado do Paraná. Curitiba, Arquivos de Biologia e Tecnologia, v.II, p.102-200.
Fonte: Dicionário Histórico-Geográfico da UEPG
Obras da Hidrelétrica de Mauá alteram a paisagem e desviam as águas do rio. Enchimento do reservatório trará mais mudanças.
Quase 800 operários trabalham diariamente para finalizar as obras da barragem. Em breve, a paisagem será novamente alterada. Entre os meses de abril e maio está previsto o enchimento do reservatório da hidrelétrica. O que hoje é coberto por uma vegetação rasa, cortada por estradas de chão e pedaços de concreto espalhados pelo solo, dará lugar a um lago que tomará conta de 8,4 mil hectares, o que equivale a aproximadamente 8,4 mil campos de futebol. Desse espaço, 4,8 mil hectares pertenciam às florestas que vão, literalmente, por água abaixo – dos quais 2,8 mil correspondiam à floresta nativa e 2 mil à mata plantada. O restante pertencia a áreas de pastagens e plantações.
Duas pendências ainda precisam ser resolvidas para o consórcio Cruzeiro do Sul, responsável pela hidrelétrica, ter a licença de operação em mãos e fechar os dois túneis de passagem do Rio Tibagi, o que dará início ao enchimento da área. A primeira delas é a retirada completa de material orgânico que foi enterrado na área onde será realizado o alagamento. No ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) constatou que o consórcio estava enterrando toras de madeira e galhos na localidade. O Instituto Ambiental do Paraná acatou o pedido do MPF e suspendeu essa prática.
Arqueologia
Outra questão diz respeito aos quase 100 sítios arqueológicos existentes na área da usina. Restam aproximadamente 25 sítios a serem vistoriados e terem o material histórico e cultural resgatado. “Nesses próximos meses, a frente de trabalho mais pesada se dará nesses dois pontos. Assim poderemos fechar os túneis de passagem do rio”, afirma o superintendente geral do consórcio, Sérgio Lamy. A expectativa é de que em julho já tenha se formado o lago para a usina entrar em operação.
No entanto, o procurador da República João Akira Omoto, do MPF, não acredita que os prazos estipulados pelo consórcio sejam cumpridos. “Ainda há pendências na questão dos sítios arqueológicos. Além disso, têm de ser definidas as compensações pelo corte da vegetação, que acarreta em perda da biodiversidade da fauna”, ressalta. A área desmatada para a construção da usina estava situada na quarta maior faixa contínua de floresta nativa do Paraná.
O procurador afirma que até o fim deste mês uma equipe do MPF e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional irá até a usina para vistoriar os trabalhos de resgate dos sítios arqueológicos. “São muitos sítios a serem avaliados. Não podemos ser negligentes com essa questão”, diz Lamy.
Biólogo aponta perda ambiental
A Usina de Mauá é alvo de polêmicas desde o anúncio de sua construção. A obra chegou a ficar embargada por oito meses devido a decisões judiciais envolvendo contestações do licenciamento ambiental. A licença de instalação saiu em 2008, três anos depois de a licença prévia ter sido concedida. Para o biólogo Marcelo Arasaki, da organização não governamental Meio Ambiente Equilibrado, os prejuízos ambientais dificilmente serão recuperados. “Essa área era especial, mas já foram suprimidos mais de 4 mil hectares de mata. A perda da biodiversidade é imensa. E sabemos que existem outras formas de gerar energia elétrica que não degradam tanto a natureza”, afirma.
Segundo o assessor jurídico da Liga Ambiental, Rafael Filipini, o que foi destruído terá de existir em outro local. “Temos que ser razoáveis e a empresa terá de fazer essa compensação ambiental”, enfatiza.
O superintendente do consórcio, Sérgio Lamy, afirma que aproximadamente R$ 120 milhões serão investidos em projetos ambientais. “Toda ação do homem causa prejuízos à natureza. Mas nós temos essa responsabilidade e compromisso de arcar com a compensação ambiental”, diz.
Apesar de árvores consideradas centenárias terem sido derrubadas – como pinheiros e perobas –, Lamy afirma que foram recuperadas sementes para o replantio das espécies nas margens do lago, na área de preservação permanente (APP). Segundo ele, a APP em torno do lago da usina terá 4 mil hectares em 410 quilômetros de extensão. “É uma área em que serão plantadas as árvores cultivadas no nosso horto e que será preservada pelo consórcio”, explica.
Até o fim do ano passado, foram resgatadas 121.767 árvores pertencentes a 264 espécies. Também foram recuperados 2.920 animais terrestres, atendidos no centro de triagem mantido pelo consórcio. “Os que têm condições voltam para as florestas e os que não têm são encaminhados a zoológicos”, explica Lamy.
Na média, o Centro possui menor quantidade de moradores por casa, são 2,6. Na Chapada, o índice é o maior de Ponta Grossa, uma média de 3,5 moradores por domicílio.
Quando o assunto é a idade, há predominância de pessoas na faixa etária entre 40 e 49 anos, são 41.151 nessa faixa. Crianças de até quatro anos somavam, em 2010, 23.207. No mesmo ano, foram contabilizados 13.781 idosos com mais de 70 anos.
De acordo com o levantamento por bairros, Uvaranas concentra a maioria dos moradores (44.450), seguindo a mesma divisão 16 em bairros do IBGE. Vila Ildemira tem a fatia menor de moradores: são 5.417.
A pesquisa também apontou que, em Ponta Grossa, as mulheres são maioria: são 160.249 mulheres contra 151.362 homens. Na zona urbana, elas são em 157.002; ‘eles’ somam 147.731. Na zona rural, por sua vez, a concentração maior é de homens: são 3.631, contra 3.247 mulheres.
O Censo de 2010 confirmou, ainda, que a população de Ponta Grossa é predominantemente de cor branca: essa foi a raça declarada por 244.813 moradores. Outros 56.099 se declararam de cor parda. Os que declararam com preta somaram 8.629. São, ainda, 1.514 de cor amarela, 555 declarados indígenas e uma pessoa que preferiu não informar a raça.Em termos percentuais, o Centro conta com a maior quantidade de moradores autodeclarados brancos: 91,3% da população. O Cara-Cará, por sua vez, tem a menor quantidade de brancos, com 72,6%. A pesquisa completa do Censo de 2010 pode ser conferida no site www.ibge.gov.br.
5 a 9 24.868
10 a 14 28.473
15 a 17 17.160
18 ou 19 11.310
20 a 24 27.261
25 a 29 26.311
30 a 34 25.609
35 a 39 22.798
40 a 49 41.151
50 a 59 31.143
60 a 69 18.539
70 ou mais 13.781
* anos
De que raça somos
Branca 244.813
Preta 8.629
Amarela 1.514
Parda 56.099
Indígena 555
Sem declaração 1
Estado tem os pontos mais altos da região Sul, o Pico Paraná e o Pico Caratuva, localizados na Serra do Mar
Para quem gosta de aventura em altitudes elevadas, o Paraná tem muito a oferecer. Afinal, é no estado que se encontra o Pico Paraná, que com seus mais de 1,8 mil metros é o ponto mais alto da região Sul do Brasil. Em seu entorno, na chamada Serra do Ibitiraquire, estão várias outras montanhas que atraem aficionados pelo montanhismo vindos de todo o Brasil. A seguir você confere quais são e onde estão os pontos mais altos do Paraná.
Pico Paraná
Com 1.877 metros, o Pico Paraná é não apenas o ponto mais alto do estado, mas do sul do Brasil. Foi descoberto por Reinhard Maack e conquistado em julho de 1941. Hoje, passados mais de 70 anos de sua conquista, continua a fazer parte do roteiro dos aficionados pelo montanhismo. O acesso é pela Fazenda Pico Paraná, onde há uma pequena infraestrutura para atender os montanhistas.
Pico Caratuva
É a segunda montanha mais alta da região Sul e, consequentemente, do Paraná, com 1.860 metros. É uma formação rochosa entre o município de Antonina e Campina Grande do Sul, no conjunto de serra chamado Ibitiraquire. O nome caratuva se deve a uma planta de cerca de um metro de altura da família do bambu. Esta planta forma o campo de altitude e confere uma das características da beleza do pico.
Pico Itapiroca
Também na Serra do Ibitiraquire está o Pico Itapiroca, com seus 1.805 metros. É a quinta montanha mais alta do sul do Brasil. A principal rota de ascensão parte da Fazenda Pico Paraná. São aproximadamente três a quatro horas ininterruptas de caminhada para chegar ao cume.
Pico Ciririca
Com seus 1.760 metros, o Pico Ciririca é considerado uma das montanhas mais fascinantes que existem na Serra do Mar paranaense. A trilha para chegar ao local é pesada, exigindo no mínimo oito horas de caminhada até as placas que estão abaixo do cume da montanha. Essas placas eram elementos passivos de repetição de sinais de microondas instalados na década de 1970.
Pico Ferraria
O Pico Ferraria é uma montanha de 1.745 metros de altitude na Serra do Ibitiraquire, cuja rota clássica se inicia na centenária Picada do Cristóvão e percorre a face norte da montanha. No entanto, esse acesso se encontra proibido atualmente. Os principais acessos partem da Fazenda Pico Paraná, passando pelas encostas do Caratuva.
Pico Tucum
Embora a pouca fama não torne o Pico Tucum tão visitado quanto o vizinho Pico Paraná, tem uma das melhores vistas da Serra do Mar. São aproximadamente 1.720 metros de altitude. A trilha convencional passa pelas montanhas adjacentes: cerceia o Camacuã em meio à riquíssima mata atlântica e atravessa o topo descampado do Camapuã.
Marumbi
O Conjunto Marumbi é considerado a rota de montanha mais difícil do Paraná. O cume mais alto é o Olimpo, com 1.539 metros, e recebeu o nome do seu primeiro ascensor, Joaquim Olimpio Carmeliano de Miranda. Ao todo, são nove montanhas que fazem parte do conjunto localizado na Serra do Mar.
Anhangava
O Morro do Anhangava é o preferido dos montanhistas do Paraná, pois é tido como o melhor campo-escola de escalada da região. Com 1.430 metros, está localizado na Serra da Baitaca e faz parte do município de Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba. Acredita-se que exploradores tenham chegado ao cume no início da colonização, por volta de 1693, após a inauguração do caminho do Itupava.
Políticos, militares e profissionais emprestaram seus nomes para as cidades paranaenses
01/11/2011 | 00:46 | Anderson Gonçalves, especial para a Gazeta do Povo atualizado em 01/11/2011 às 10:58
Descubra quem foram sete dessas personalidades que também fazem parte da geografia do Paraná, com informações do livro “Municípios Paranaenses Origens e Significados de Seus Nomes":
Confira outros conteúdos do projeto Retratos Paraná e acesse a base de dados sobre os municípios do estado.
Almirante Tamandaré
Joaquim Marques Lisboa, Visconde e Marquês de Tamandaré, foi membro do Conselho Naval Superior e Ministro do Supremo Tribunal Militar. É patrono da Marinha do Brasil.
Capitão Leônidas Marques
Capitão do Exército, Leônidas Marques dos Santos representou o governo do estado na solução de problemas fundiários no sudoeste paranaense. Seu filho Brasílio regularizou as terras do município.
Cruz Machado
Antônio Cândido da Cruz Machado foi Senador do Império pela Província de Minas Gerais. Benemérito paranaense, foi favorável à emancipação política da Província do Paraná, em 1853.
Doutor Ulysses
Homenagem ao deputado federal de São Paulo Ulysses Guimarães, fundador do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e com importante participação na luta pela redemocratização do país. Faleceu em um acidente aéreo em 1992.
Francisco Beltrão
Engenheiro civil, Francisco Trevisani Beltrão foi diretor do Departamento do Oeste e iniciador do povoamento do município.
Marechal Cândido Rondon
Cândido Mariano da Silva Rondon era mato-grossense e se formou em engenharia militar. Tornou-se um dos maiores sertanistas da história do Brasil.
Teixeira Soares
O engenheiro Teixeira Soares participou da construção do trecho da Serra do Mar e do planalto da ferrovia Paranaguá-Curitiba.
Fonte: Livro “Municípios Paranaenses Origens e Significados de Seus Nomes”, de João Carlos Vicente Ferreira
Os nomes apresentados aqui são alguns exemplos de uma grande listagem de cidades.
27/10/2011 | 00:37 | Gazeta do Povo
Veja a seguir algumas das cidades mais frias do Paraná, entre os municípios que possuem estações meteorológicas monitoradas pelo Simepar:
Palmas
Com relação a valores extremos, Palmas é uma das cidades mais frias do Paraná. A temperatura média anual do município, localizado no Centro-Sul do estado, fica em torno de 15º C, com possibilidade de neve.
General Carneiro
A temperatura média anual de General Carneiro, localizada no Sul do estado, é de 15º C. Durante o inverno, são registradas temperaturas abaixo de zero e é comum a ocorrência de geada.
Guarapuava
Com relação a valores extremos, Guarapuava, no Centro-Sul, segue sendo uma das cidades mais frias do Paraná. A temperatura média anual na cidade fica em torno de 16º C. Na madrugada de 28 de junho de 2011, os termômetros chegaram a marcar -6,1ºC, a menor temperatura registrada nos últimos 11 anos no estado.
Inácio Martins
Com altitude elevada, a temperatura média anual em Inácio Martins, no Centro-Sul, gira em torno dos 16ºC.
Coronel Domingos Soares
Localizada no Centro-Sul paranaense, a cidade de Coronel Domingos Soares tem uma temperatura média anual de 17ºC. No verão, o dia é fresco e no inverno há a ocorrência de fortes geadas.
União da Vitória
Localizada ao Sul, União da Vitória tem uma temperatura média anual em torno de 17ºC. No inverno, as temperaturas mínimas atingem marcas negativas e é frequente a ocorrência de geada.
Bituruna
A cidade de Bituruna tem uma temperatura média de 17ºC. O município está localizado no Sul do estado e a uma altitude de aproximadamente 900 metros acima do nível do mar.
Campos Gerais
As árvores baixas em meio à vegetação rasteira, características do Centro-Oeste brasileiro, também são encontradas no estado das araucárias, na Região do Norte Pioneiro
Publicado em 19/10/2011 | Maria Gizele da Silva, da sucursal de Ponta Grossa
Anfíbios correm risco de extinção
A população de sapos, pererecas e rãs do Cerrado vai sofrer redução do seu hábitat devido aos impactos das mudanças climáticas. Essa é a conclusão do Projeto Diversidade de Anfíbios no Cerrado e Prioridades para sua Conservação em Cenários Futuros de Mudanças Climáticas, da ONG Pequi, com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
As áreas que apresentam um clima mais adequado para esses animais estão no Sudeste. Porém, essa também é a região onde há maior destruição de ambientes e menos remanescentes. Diferentes modelos climáticos preveem para o fim do século 21 um aumento de temperatura de 1,5 ° C a 8 ° C e reduções pluviométricas de até 4 mm.
Em uma pequena mancha de mata no Norte Pioneiro esconde-se uma raridade: um pedaço do Cerrado no Paraná. Segundo maior bioma do país depois da Amazônia brasileira, o Cerrado termina no Paraná após cobrir 15 estados. Castigada pelo avanço da agricultura e pelo corte predatório, essa vegetação ainda é encontrada no país em pouco mais de 103 mil hectares, aproximadamente 1,8 mil deles no Paraná.
Quem está acostumado com a abundância da Mata Atlântica e a imponência das araucárias, comuns no estado, pode estranhar o Cerrado paranaense num primeiro momento. Árvores mais baixas, retorcidas, com caules bastante finos e encobertos por cascas bem grossas, ao lado de áreas de campo ou de vegetação miúda, compreendem o cenário. Pequenos ramos de flores vermelhas, amarelas e roxas se destacam entre o verde.
No pedaço do bioma que ainda resta no Paraná é possível encontrar lagartos andando tranquilamente entre os arbustos. Com maior tempo de observação, e sorte, também podem ser vistos animais como tamanduá-bandeira, tatu e lobo-guará. “O Cerrado tem uma riqueza particular. Especialmente no Paraná, ele atrai muitos tipos de abelha, o que propicia a polinização”, lembra a bióloga Ângela Kuczach, técnica do programa Desmatamento Evitado da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).
Nos estados mais quentes, as áreas de Cerrado contêm árvores mais baixas e áreas de campo. No Paraná, que é o único estado do Sul a ter um pedaço da vegetação, encontram-se até mesmo florestas de arbustos. Uma das causas do maior crescimento das árvores é a grande umidade do solo. “As árvores podem chegar a oito metros de altura”, lembra Ângela. No centro do país, os arbustos têm, em média, um metro.
Desmatamento
Dos 203,6 mil hectares que cobriam o Brasil, restam apenas 51%. O diretor de Políticas de Controle de Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, Mauro Pires, mostra que o ritmo de devastação vem caindo: passou de 14,2 mil quilômetros quadrados em 2008 para 7,4 mil em 2009 e 6,4 mil em 2010. No Paraná, a área desmatada entre 2009 e 2010 representa 0,03% do bioma original do estado, um quilômetro quadrado.
O Cerrado é o segundo maior bioma devastado no país, depois da Floresta Amazônica. “É importante preservá-lo devido às características ambientais, sociais e econômicas, porque quem vive no entorno precisa do bioma preservado”, acrescenta Pires. Ele explica que o Cerrado pode ser usado, por exemplo, como vegetação medicinal, e para o desenvolvimento do ecoturismo.
Apenas 8,21% da vegetação nacional de Cerrado pertence a unidades de conservação. Dessa fatia, 2,85% têm proteção integral e 5,36% têm uso sustentável, incluindo áreas particulares. No Paraná, quase toda a vegetação está no Parque Estadual do Cerrado, entre os municípios de Jaguariaíva e Sengés. O bioma também é encontrado de forma muito esparsa por outras regiões do estado.
Grande parte dos municípios caçulas tem população abaixo dos 20 mil habitantes. Entrar em uma dessas localidades dá a sensação de estar em um bairro de uma cidade um pouco maior. Há poucas residências, e é baixo o número de estabelecimentos comerciais. A fonte de renda da população geralmente se concentra em empregos no poder público ou em propriedades agrícolas. Todos os novos municípios aparecem com um rendimento domiciliar médio per capita inferior à média do estado, que é de R$ 876,70.
Outro problema das novas cidades é o grau de dependência em relação a municípios vizinhos. Em Fernandes Pinheiro (localizado a 68 quilômetros de Ponta Grossa), por exemplo, não há hospital. Por isso os moradores devem recorrer à cidade de Irati, que fica a uma distância de dez quilômetros.
O comerciante David Rech diz que se arrepende até hoje do dia em que acreditou que o então distrito de Fernandes Pinheiro era promissor. “Tinha que ter ficado em Irati, onde morava. Mas decidi 25 anos atrás vir para cá tentar melhorar minha vida. E não melhorou nada”, relata. Há aproximadamente 15 anos, ele ainda mantinha esperanças de que a situação ia ser diferente. Por isso, quando foi realizado o plebiscito para decidir se Fernandes Pinheiro deixaria de ser um distrito para se tornar município, seu voto foi favorável. Hoje, David teria outra opção. “O que adiantou se tornar município? Melhorou pouca coisa. A gente ainda continua no abandono. A cidade não evolui. As dificuldades são quase as mesmas de quando era distrito”, ressalta.
Dependência da União
Os investimentos do poder público nas cidades novatas são baixos, e há tendência de queda. Há elevado grau de dependência dos recursos do FPM, verba repassada pelo governo federal de acordo com o número de habitantes de cada cidade. Em um intervalo de dez anos, o Censo 2010 apontou que 60% dessas localidades sofreram uma queda no número de habitantes – fator que implicou na diminuição do repasse do FPM. Neste ano, a prefeitura de Fernandes Pinheiro receberá R$ 11 milhões em repasses do fundo.
“O grande problema é que a faixa populacional dessas cidades vem caindo ano após ano. Assim, os recursos são menores e o investimento fica comprometido”, destaca o presidente da Associação dos Municípios do Paraná (AMP), Gabriel Samaha.
Cerca de 80% do orçamento do município de Guamiranga, na região central do estado, por exemplo, é formado por recursos do FPM. “A gente fica nas mãos do governo federal”, salienta o prefeito, Ruy Machado do Nascimento. Como a taxa de urbanização é de apenas 28%, a arrecadação com o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) é muito baixa para ajudar no custeio do município.
Riquezas naturais não faltam no Paraná. Por todas as regiões do estado é possível encontrar cenários belíssimos com as mais variadas paisagens: praias, cachoeiras, rios, canyons, esculturas naturais, fauna e flora em plena exuberância.
Dentre tantos atrativos, a Gazeta do Povo listou aquelas que podem ser consideradas como as sete maravilhas naturais do estado.
Cataratas do Iguaçu
Formadas pelas quedas do Rio Iguaçu, as cataratas compõem o destino turístico mais visitado no Paraná, recebendo mais de 1 milhão de visitantes por ano. As impressionantes quedas d’água fazem parte do Parque Nacional do Iguaçu, cuja área de 185 mil hectares abriga mais de 700 espécies animais e milhares de espécies vegetais.
Ilha do Mel
Com 2,7 mil hectares, a ilha mais famosa do Paraná é tida como reduto das melhores praias do estado. Sem estradas ou ruas, a ilha conta com um estrito programa de manejo que limita o número de visitantes. Além das belas praias, também são atrativos locais a Fortaleza e o Farol das Conchas.
Vila Velha
Localizado no município de Ponta Grossa, o Parque Estadual de Vila Velha é formado por arenitos, formações rochosas que apresentam as mais variadas formas, como a taça, o camelo e a bota. Também fazem parte do parque as Furnas, grandes crateras com rica vegetação, e a Lagoa Dourada, cujo nome indica o efeito do sol sobre as águas.
Superagui
Inscrito como Patrimônio Natural e Histórico do Paraná, o Parque Nacional do Superagui compreende as ilhas de Superagui e das Peças, no litoral. Além de contar com 38 quilômetros de praias praticamente desertas, serve de abrigo para espécies animais como o papagaio da cara roxa.
Ilha Grande
Localizado no Rio Paraná, entre os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, o Parque Nacional de Ilha Grande tem 78,8 mil hectares de uma ampla biodiversidade. São lagoas, lagos, várzeas e cerca de 300 ilhas que abrigam uma rica vegetação e diversas espécies animais, especialmente aves e peixes.
Canyon Guartelá
Considerado o sexto maior canyon do mundo em extensão, o Guartelá está situado no município de Tibagi. Ao longo de 32 quilômetros cortados pelo Rio Iapó, o Parque Estadual exibe como atrativos a vegetação rupestre, uma cachoeira com 300 metros de altura e pinturas deixadas por indígenas no passado.
Salto São Francisco
Situado na divisa dos municípios de Guarapuava, Prudentópolis e Turvo, o Salto São Francisco é a maior queda d’água do Paraná e uma das maiores do Brasil. Com 196 metros de altura, a queda livre faz com que a água se transforme em uma névoa antes de chegar ao chão.
Aqui você encontra um completo banco de dados sobre as cidades paranaenses. Diferentes tipos de estatísticas estão disponíveis e todas elas vêm com mapas e rankings dos municípios. Acesse uma área, escolha um indicador e boa pesquisa!
http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/retratosparana/indicadores/
Em Curitiba, são 4.025 pessoas por quilômetro quadrado, número 77 vezes maior do que a densidade demográfica do Paraná. Mais que pessoas, a capital centraliza, principalmente, serviços e riquezas
26/09/2011 | 00:04 | Bruna Maestri Walter
Mais que concentrar tantas pessoas em um território considerado pequeno (435,3 quilômetros quadrados), Curitiba se destaca no Paraná pela centralidade econômica e de serviços. Com 1,7 milhão de habitantes, a capital reúne 17% da população paranaense – porcentual que cresce à medida que são analisados indicadores específicos. Por exemplo: a capital concentra 24% do Produto Interno Bruto, 36% das matrículas no ensino superior e 71% dos repasses fundo a fundo do Ministério da Saúde para atendimentos de média e alta complexidade no Paraná (veja os números nesta página).
A “capital” de SC - A universitária Amanda Bachal é de Rio Negrinho, em Santa Catarina, mas tem Curitiba como referência de capital, já que a distância entre as duas cidades é de cerca de 100 quilômetros. “Quando a gente vai para a capital, vem para Curitiba e não para Florianópolis”, conta. Amanda, assim como a maioria dos colegas dela, optou por cursar o ensino superior na capital paranaense. “Preciso estar num lugar onde tenha oportunidade de trabalho. Na minha cidade não teria campo.” Ela cursa Tecnologia em Comunicação Institucional na Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Como Curitiba e os municípios metropolitanos assumiram posição de destaque no Paraná nas últimas décadas:
Anos 50 – A economia do Paraná tinha como base o extrativismo, a pecuária e a agricultura. Não havia articulação entre as regiões nem integração na economia nacional. É criado o Plano de Desenvolvimento do Estado do Paraná.
Anos 60 – Tentando superar as fragilidades, surgem a Companhia de Desenvolvimento do Paraná e o Fundo de Desenvolvimento Econômico.
Anos 70 – A Política de Desenvolvimento Urbano do Paraná reconhece como área mais forte do estado as centralidades de Londrina, Apucarana e Maringá e identifica a de Curitiba como outra área forte. É instalada a Cidade Industrial de Curitiba, na capital, e implantada a Refinaria Presidente Getúlio Vargas, em Araucária.
Anos 80 – A maior participação na geração da renda estadual, até então garantida pelos municípios do Norte Central, desloca-se para a porção metropolitana da capital.
Anos 90 – É feita a remodelação aeroportuária em São José dos Pinhais e as montadoras Renault e Audi/Volkswagen se instalam na região.
Anos 2000 – A concentração de serviços aumenta. No início da década, Curitiba tem 16,6% do total da população paranaense.
Fonte: Informações retiradas de trabalhos do Ipardes
Com um espaço urbano bem estruturado e municípios limítrofes com vários serviços, a rede de Curitiba, formada pela capital e 13 cidades do entorno imediato, acaba influenciando as demais cidades do Paraná e parte de Santa Catarina. Estão na área de influência de Curitiba 666 municípios, com 16,2 milhões de habitantes, de acordo com dados do estudo do IBGE “Regiões de Influência das Cidades”, de 2008. Curitiba é uma das 12 metrópoles brasileiras e divide com Porto Alegre a condição de principal cidade da Região Sul. O estudo agregou dados referentes a órgãos públicos, grandes empresas, cursos superiores, saúde, lazer, compras e transporte.
Razões
A pesquisadora do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) e do Observatório das Metrópoles Rosa Moura explica que a grande importância da rede de Curitiba está em concentrar um feixe de funções urbanas muito especializadas. “Tem alguns procedimentos médicos, educacionais, de consultoria, jurídicos, de comunicações, marketing, cultura e lazer que só se encontram aqui.”
Ela observa que está havendo um fortalecimento positivo da rede urbana no Paraná e em Santa Catarina. “Isso é bom porque você desconcentra a qualidade urbana para outras pessoas. Agora, sempre vai existir uma hierarquia urbana, você não tem como dotar todos os municípios do estado das mesmas condições e serviços.”
O geógrafo da Coordenação de Geografia do IBGE Marcelo Paiva da Motta destaca que a rede paranaense é bem estruturada e que existem bens e serviços suficientes para o bem imediato em cidades como Londrina, Maringá e Cascavel.
Com relação à densidade demográfica da capital, o professor do Mestrado e Doutorado em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Carlos Hardt explica que o indicador é resultado da otimização do espaço em razão do zoneamento do solo e de o território da capital ser pequeno nos padrões brasileiros.
Sobre a concentração de serviços, destaca que o fato de Curitiba ser uma capital exerce certa influência sobre os municípios do estado. Influência que é reforçada pela imagem que a cidade criou frente a inovações de gestão, como o trânsito, diz Hardt. “A expectativa de quem vem de uma cidade menor é conseguir bom emprego, estar numa cidade que é bem organizada.”
Centralização também gera desigualdade
“Onde mora a riqueza, mora a pobreza”, aponta a pesquisadora Rosa Moura referindo-se a Curitiba e região metropolitana. Além de concentrar a economia paranaense, afirma, a região tem o maior número de desassistidos pelas políticas públicas. “Isso é inerente ao capitalismo. Você sofistica a cidade, valoriza o solo urbano, investe em atividades tecnológicas e produtivas e ‘esquece’ as políticas públicas sociais”, completa.
Rosa aponta a necessidade ainda de planejamento, definição de estratégias para o estado e uma gestão coordenada entre os municípios. Segundo o professor Carlos Hardt, com a diminuição do ritmo de crescimento demográfico, a região pode se centrar agora em investir em melhorias para beneficiar a população que ainda não é atendida.
Políticas para o Paraná
O secretário estadual do Planejamento e Coordenação Geral, Cassio Taniguchi, afirma que a concentração econômica e populacional pode ser observada em vários estados brasileiros, assim como em outros países. No Paraná, diz, a prioridade é a promoção do desenvolvimento sustentável e equilibrado.
Segundo Taniguchi, um maior equilíbrio demográfico está condicionado a um processo abrangente de crescimento econômico, que não exclua as regiões distantes dos grandes centros urbanos. “Por isso, o plano do governo estadual para a promoção do desenvolvimento inclui desde o incentivo à agricultura familiar até a atração de indústrias de ponta, passando ainda pelo apoio ao setor de serviços”, diz. “Com a efetivação dessa estratégia, esperamos reduzir a distância socioeconômica entre as regiões em situação desfavorável, como a porção central do estado, e as áreas mais pujantes, como a RMC [Região Metropolitana de Curitiba].” A RMC concentra 30,4% da população paranaense e 41,7% do Produto Interno Bruto do estado.
Onde o Paraná é diferente
Colônia Sutil - pequeno núcleo quilombola na região de Ponta Grossa - guarda marcas, memórias e destino de paranaenses dos tempos da escravidão
Publicado em 22/08/2011 | Diego Antonelli, especial para Gazeta do Povo
As marcas do tempo não deram trégua às 31 famílias de descendentes de escravos que vivem isoladamente em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. Se no início do século passado dialetos e cantigas afros e danças típicas ainda faziam parte da rotina dos moradores, hoje essa realidade ficou apenas na lembrança dos mais velhos. Distante a 20 quilômetros do centro do município, a Colônia Sutil viu desaparecerem gradativamente as raízes culturais que ligavam as novas gerações aos seus antepassados. “O povo de antigamente era muito fechado. Ninguém ensinava nada sobre os costumes. A gente via o pessoal dançando e fazendo cantigas, mas não foi ensinado nada disso para a gente. A nossa cultura só fica na lembrança mesmo”, afirma Nilce Terezinha Ferreira, de 73 anos – todos vividos dentro da comunidade.
As mudanças culturais e a história do reduto afro na região motivaram o início de uma pesquisa que está sendo realizada por um grupo de estudos da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). A coordenadora do estudo, Cicilian Luiza Löwen Sahr, uma das autoras do livro Geograficidades Quilombolas, relata que essas alterações culturais fazem parte da própria sociedade. “A Sutil é um lugar multicultural. Com o passar do tempo muita coisa muda em diversas localidades. E é o que acontece ali. Tem negros que se casaram com brancos e todos acabam se considerando quilombolas. Pena que não sobraram traços culturais fortes dos antepassados. Isso foi se perdendo com o tempo”, afirma a pesquisadora.
A septuagenária Cleonice de Fátima, da Colônia Sutil, na região de Ponta Grossa. Para ela, “não sobrou nada” da cultura quilombola
Bruno Ferreira, da Colônia Sutil, na região de Ponta Grossa
O pequeno Maicon, da Colônia Sutil, na região de Ponta Grossa
Negras raízes
A Colônia Sutil se formou no final do século 18. Como outros núcleos do gênero, é foco de resistência cultural e agrária.
História
A Sutil, uma das 34 comunidades quilombolas no Paraná regulamentada pela Fundação Cultural Palmares, instituição ligada ao Ministério da Cultura, começou a se formar em 1790. Neste ano, o fazendeiro português Manuel Gonçalves Guimarães, um dos primeiros povoadores da região, fundou a Fazenda Santa Cruz, com mais de 10 mil hectares de terra. Após a sua morte em 1816, a fazenda foi herdada pelos seus filhos Joaquim Gonçalves Guimarães e Maria Clara do Nascimento. Todavia, em 1850, eles doaram a propriedade a todos os escravos sob a condição de eles servirem a família até o ano da abolição da escravidão, promulgada em 1888 por meio da Lei Aúrea. A parte que ficou pertencendo aos descendentes de escravos foi chamada de Sutil em homenagem ao tropeiro Benedito Sutil, de Sorocaba, que costumeiramente se hospedava no local junto com os negros.
Quilombolas
A Fundação Cultural Palmares considera quilombolas os descendentes de africanos escravizados que mantêm tradições culturais, de subsistência e religiosas ao longo dos séculos. Mais de 1,5 mil comunidades espalhadas pelo território nacional são certificadas pela Palmares como comunidades quilombolas.
Contudo, a professora da UEPG, Cicilian Luiza Löwen Sahr, afirma que está acontecendo algumas mudanças em relação ao conceito de quilombo.
“Em princípio se tem uma pressão social para que quilombolas sejam negros que mantêm suas culturas. Hoje se tem essa definição mais como uma forma de acesso a terra. A certidão de que o local é um quilombo é o primeiro passo para que seja possível, através do Incra, a regularização fundiária”, explica Cicilian.
Em pleno século 21 – refugiados da época da Escravidão que assolou o Brasil por três séculos - os descendentes africanos ainda se sentem ressabiados com a presença do homem branco. O olhar de desconfiança remete ao período em que seus familiares foram explorados dia e noite pelos fazendeiros. Hoje, a escravidão é um tema superado pelos mais novos. Para os mais velhos, somente restam as histórias contadas pelos parentes mais próximos.
Com a pele manchada pelo excesso de sol devido aos 70 anos de trabalho na lavoura, Benedito Gonçalves, de 83 anos, e pai de 11 filhos, é o membro mais velho da Colônia Sutil. Sua bisavó foi escrava até morrer. Chegou ao Brasil com um pouco mais de 20 anos e foi ‘negra de sinhô” por mais de 60. “Os mais velhos não gostavam muito de falar sobre isso. O que a gente sabe é muito pouco”, conta Benedito.
Se a memória do tempo da Escravidão está praticamente aniquilada pelos moradores de Sutil, o mesmo pode se afirmar das marcas culturais deixadas pelos antepassados. Os habitantes mais antigos da localidade pouco sabem sobre as heranças culturais. Cleonice Ferreira, 35, lamenta a perda da cultura vivida pela comunidade. “O que eu sei dos costumes é o que minha mãe conta. Não sobrou nada”, diz.
Para Kátia Moraes, 75, mãe de 12 filhos, cultura virou sinônimo de novela. “Agora que a gente tem televisão eu não perco uma novela”, comenta. “Aqui não tem mais nada de cantiga, idioma. A gente não sabe quase nada do passado. O que sentimos é que ainda sofremos”. Com a cabeça baixa, a mão encostada no lenço que repousa por cima dos cabelos brancos, Kátia assume que apesar de séculos terem se passado, o preconceito persiste. “Tem muita gente que acha que está no tempo dos escravos. Tratam mal a gente. Preconceito sempre vai existir. Mesmo com os negros já libertos”, enfatiza a descendente de escravos.
Sobrenome europeu e pé no quilombo
Camuflado por grandes óculos escuros, Ismael de Matos Roub, sobrenome oriundo da Escócia, tem os pés fincado na comunidade quilombola Sutil. Os 45 anos de vida foram cultivados em solo quilombola. Nessas quatro décadas, Ismael presenciou mudanças no modo de viver da colônia. Se antes, a agricultura era manual, hoje equipamentos agrícolas dotados de GPS (sistema de posicionamento global, da sigla em inglês), são fundamentais para o trabalho no campo.
O aparelho de telefone celular não sai do lado de Ismael. “Agora não tem como ficar sem um desses”, conta apontando para o aparelho. Ele relata que a luz elétrica chegou à comunidade há um pouco menos de 30 anos. A água permanece sendo oriunda de poços artesianos.
A maioria dos homens da comunidade presta seus serviços a fazendeiros da região. “A maioria trabalha para fazendeiro. Outros plantam em suas propriedades. As mulheres ajudam a cuidar do gado e da casa”, conta Ismael. Os avós paternos de Ismael eram oriundos do quilombo. “Mas do lado materno se casou com um branco, que era descendente de europeu. Daí começou a misturar as cores. Tem gente da família que é bem preto e tem uma criança que até loira é”, relata.
Para ele, os traços da cultura da comunidade dificilmente serão resgatados. “É praticamente impossível. Quem tinham os costumes eram os mais velhos. Agora não tem mais nada”, diz.
Água escassa em 33 cidades do PR
Municípios vão precisar achar novos mananciais até 2015. Consumo crescente exige fontes cada vez mais distantes e caras
Publicado em 08/08/2011 | João Rodrigo Maroni
Neste cenário, seis cidades da região metropolitana da capital (RMC) vão necessitar de novos mananciais (rios, aquíferos, poços, reservatórios) e outras sete precisarão ampliar os sistemas existentes. No total do estado, além das 33 novas fontes, 113 municípios devem ampliar seus sistemas até 2015 para garantir água o ano todo.
As quatro maiores cidades do estado – Curitiba, Londrina, Foz e Cascavel – estão com reservatórios, poços e aquíferos no limite de sua capacidade, segundo a Agência Nacional de Águas. De acordo com a Sanepar, há estudos para ampliar os sistemas nos próximos cem anos. A cada década, porém, o plano diretor é revisado com base em novas projeções.
Até 2025
Paraná vai precisar investir R$ 645 milhões até 2025
As obras para a adequação dos sistemas de abastecimento de água e adoção de novos mananciais para as cidades paranaenses até 2025 consumiriam R$ 644,48 milhões em investimentos, segundo dados do Atlas Brasil – Abastecimento Urbano de Água, da Agência Nacional de Águas. A Região Sul do país vai precisar de R$ 2 bilhões em investimentos distribuídos em 483 municípios. O estudo não prevê o volume de investimentos para 2015.
De acordo com Péricles Weber, da Sanepar, os números estão desatualizados. “Prevemos um investimento maior que isso. Só a região metropolitana de Curitiba vai precisar de R$ 500 milhões para abastecimento até 2030”, revela. Segundo ele, os maiores consumidores de água nas grandes cidades são os domicílios, incluindo aí pequenas indústrias e comércio que utilizam água da rede pública de abastecimento. Cabe às próprias companhias de saneamento buscar os recursos – seja do próprio bolso ou através de financiamentos – para investir na ampliação dos sistemas, segundo Weber.
Para o engenheiro ambiental Eduardo Gobbi, diretor de Recursos Hídricos e Atmosféricos da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), os sistemas de abastecimento de água são muito caros e, normalmente, as companhias trabalham no limite operacional. “Elas ficam de olho no crescimento da população e vão implementando o sistema. Andam pouco acima da curva populacional”, explica.
Segundo ele, o ritmo de crescimento da população nas grandes cidades do Paraná deve diminuir nos próximos anos. Por outro lado, a melhora no nível de vida das pessoas também pressiona o abastecimento de água. (JRM)
Dos 399 municípios paranaenses, 344 (86%) são atendidos pela Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), enquanto os sistemas das demais cidades são operados pelas próprias prefeituras. Apenas o sistema de Paranaguá é administrado por empresa privada. A maior parte da água usada para o abastecimento desses municípios é retirada de mananciais subterrâneos (aquíferos e poços – 56%), enquanto 22% das sedes urbanas são atendidas por mananciais superficiais (rios e reservatórios). Outros 22% têm regimes mistos (superficiais e subterrâneos).
Desabastecimento
Para Elizabeth Juliatto, especialista em recursos hídricos da ANA, não há risco de haver desabastecimento de água nas cidades paranaenses. “As operadoras de saneamento têm tomado todas as providências. Foram feitos estudos de disponibilidade hídrica, por isso se constatou a necessidade de novos mananciais. De qualquer forma, ao longo dos próximos anos, vamos ter um crescimento populacional e será preciso ter água para abastecer essa população”, esclarece.
Os dados enviados à agência são das próprias companhias de saneamento, geralmente responsáveis por estudar e explorar os mananciais existentes. De qualquer forma, segundo Juliatto, o levantamento é importante para dar aos ministérios do Planejamento e das Cidades – financiadores do saneamento no país – indicativos para priorizar investimentos.
Péricles Weber, diretor de Meio Ambiente da Sanepar, também afasta a possibilidade imediata de faltar água nas cidades paranaenses, mas observa que a água de boa qualidade não é um produto tão abundante no Paraná. “Não diria que corremos o risco de desabastecimento, mas a ONU considera que cada habitante deveria ter à disposição 1,7 mil metros cúbicos (m³) de água ao ano. Na RMC, por exemplo, esse índice é de apenas 500 m³ por habitante/ano. Isso significa que temos uma situação de escassez hídrica. Ou seja, estamos tirando o máximo de água disponível”, explica.
Segundo Weber, em regiões como Curitiba e Cascavel, onde os rios são pequenos e há concentrações populacionais elevadas, é preciso buscar água de fontes mais longínquas, a um custo operacional mais alto. “Como sociedade, vamos ter que tomar ações para o gerenciamento das bacias hidrográficas para não comprometer a disponibilidade hídrica. A água não vai acabar, mas você compromete muitas vezes essa disponibilidade por causa da poluição. Pode haver água em quantidade, mas não em qualidade para poder usar.”
O QUE SÃO OS CAMPOS GERAIS DO PARANÁ ?
A expressão "Campos Gerais do Paraná" foi consagrada por MAACK (1948), que a definiu como uma zona fitogeográfica natural, com campos limpos e matas galerias ou capões isolados de floresta ombrófila mista, onde aparece o pinheiro araucária. Nessa definição, a região é ainda limitada à área de ocorrência desta vegetação que a caracteriza situada sobre o Segundo Planalto Paranaense, no reverso da Escarpa Devoniana, a qual o separa do Primeiro Planalto, situado a leste (FIGURA 1).
FIGURA 1
Os Campos Gerais do Paraná, segundo sua definição original
(MAACK 1948).
1: Escarpa da Serra Geral; 2: Escarpa Devoniana;
3: Extensão original dos campos naturais no Segundo Planalto Paranaense.
Portanto, trata-se de uma definição que integra critérios fitogeográficos e geomorfológicos, que por sua vez exprimem a estrutura geológica e natureza das rochas, responsáveis pelos solos rasos e arenosos, pouco férteis, que favorecem a vegetação de campos, e o aparecimento do limite natural representado pela Escarpa Devoniana, um degrau topográfico que em vários locais ultrapassa 300 m de desnível.
Entretanto, a identidade histórica e cultural da região dos Campos Gerais remonta ao século XVIII, quando, graças aos ricos pastos naturais, abundância de invernadas com boa água e relevo suave, foi rota do tropeirismo do sul do Brasil, com o deslocamento de tropas de muares e gado de abate provenientes do Rio Grande do Sul com destino aos mercados de São Paulo e Minas Gerais. Nessa época, os campos naturais da região tornaram-se muito disputados, e a coroa portuguesa começou a expedir cartas de sesmarias em favor de homens a ela fiéis e de prestígio político local. O ciclo do tropeirismo, que se estendeu ao início do século XX, ainda hoje tem grande influência na cultura e costumes dos Campos Gerais do Paraná, cuja população preserva muitos hábitos herdados dos tropeiros, em sua maioria de origem gaúcha.
Mais recentemente, outras definições têm sido adotadas para os Campos Gerais, atendendo a objetivos e interesses diversos, resultando em delimitações também diferentes. Para a Associação dos Municípios dos Campos Gerais - AMCG, prevaleceram critérios econômicos e políticos. Para a UEPG, têm prevalecido critérios de identidade histórica e geográfica, além da área de influência da Universidade. Para os consórcios de gestão ambiental, por exemplo o COPATI (Consórcio Intermunicipal para Proteção Ambiental da Bacia do Rio Tibagi), ligado ao SEHR - Sistema Estadual de Recursos Hídricos, tem prevalecido a área da bacia hidrográfica do Rio Tibagi.
Para o Dicionário Histórico e Geográfico dos Campos Gerais, adotou-se uma definição que procura preservar os critérios naturais e históricos de identidade regional, e ao mesmo tempo seja funcional diante das tendências recentes de organização do espaço. Os critérios de homogeneidade foram:
1o.) Fitogeografia: a vegetação primitiva do município deveria ter sido, no todo ou em parte, de Campos Limpos.
2o.) Tropeirismo: o município deveria ter estado integrado ao "Caminho de Viamão", principal rota das tropas no século XVIII e XIX.
3o.) Associativismo: o município deve integrar a Assossiação dos Municípios dos Campos Gerais (AMCG).
Como critério de polarização utilizou-se a área de atuação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), onde considerou-se os Campi Avançados e as atividades extensionistas. Para fazer parte da área de abrangência do Dicionário, o Município deveria combinar pelo menos dois destes critérios.
Assim, para os efeitos do Dicionário, os Campos Gerais do Paraná são formados pelos seguintes municípios, conforme pode ser visto nas ilustrações da FIGURA 2:
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FONTE: Dicionário Histórico-Geográfico dos Campos Gerais (UEPG)
Antonio More/Gazeta do Povo
Construções do centro da cidade e da região das indústrias Matarazzo não poderão ter suas fachadas alteradas ou destruídas- Publicado em 07/07/2011 | Paola Carriel
A cidade de Antonina, litoral do estado, será tombada pelo patrimônio histórico federal. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União na semana passada e o município já foi notificado. A partir de agora, as áreas do centro histórico e das indústrias Matarazzo estão sob proteção do governo federal e não poderão ser alteradas. Elas foram selecionadas por causa de sua importância histórica e paisagística e podem ajudar a estimular o turismo no município, que já foi incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas e receberá R$ 16 milhões nos próximos quatro anos.
A decisão final sobre o tombamento ocorrerá após gestores e proprietários se manifestarem perante o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), concordando ou discordando da proposta. As manifestações serão analisadas pelo conselho consultivo do órgão e só depois a cidade estará oficialmente protegida. Com o tombamento, o imóvel continua sendo do proprietário, mas não pode haver descaracterização ou destruição da fachada.
O Iphan analisou durante dois anos o pedido de tombamento, que foi feito pelo próprio município. O arquiteto Moisés Stival, do Iphan Paraná, diz que Antonina foi selecionada por dois motivos principais. A cidade participou do primeiro ciclo do ouro no Brasil no século 17, antes de Minas Gerais. “Antonina é um recorte importante da história do Brasil”, afirma. Em segundo lugar, o município é beneficiado pela Serra do Mar, pela Mata Atlântica e pela baía, o que faz com que a paisagem seja única. “Ela está rodeada por morros, tem uma vegetação exuberante e orla bonita, o que cria uma paisagem privilegiada.”
Restrições
Principal reclamação de quem tem um imóvel tombado pelo patrimônio, as restrições, ou normatização, ainda estão em fase de elaboração, mas é provável que a ocupação dos morros seja definitivamente proibida. O documento do Iphan vai estipular que tipo de atividade e ocupação os imóveis poderão ter.
Stival argumenta que as construções mais importantes da cidade são as igrejas Nossa Senhora do Pilar, São Benedito e Bom Jesus de Saivá, além da Fonte da Carioca, que abastecia a cidade, e a estação ferroviária. Foi a partir da Igreja Nossa Senhora do Pilar, construída em 1714, por exemplo, que ocorreu todo o desenvolvimento urbano do município.
Para o prefeito da cidade, Carlos Augusto Machado (PPS), o tombamento ajudará a preservar os casarões históricos e incentivará o turismo. “Hoje a graça e beleza de Antonina estão relacionadas ao patrimônio histórico”, comenta. Os recursos do PAC só foram acessados porque o município já estava neste processo com o Iphan. Os R$ 16 milhões serão utilizados para a instalação de cabeamento subterrâneo, nova iluminação, uniformização das calçadas e reforma do mercado central e do píer.
A prefeitura também estuda a criação de uma parceria com o governo estadual para pintar todos os imóveis e criar uma política de incentivos fiscais, como isenção do IPTU para os proprietários. Em 2010, 60 prédios históricos foram pintados.
O padre da Igreja Nossa Senhora do Pilar, Marcos José de Albuquerque, diz que o tombamento pode ser prejudicial aos proprietários se não houver alguns benefícios. Ele conta que na própria paróquia já houve problemas. Como o local é uma das maiores atrações da cidade, o padre percebeu que os turistas precisavam de banheiros. Decidiu usar um espaço da igreja para a construção e foi notificado pelo patrimônio histórico estadual.
Antonina é a terceira cidade no Paraná preservada pelo patrimônio histórico federal. A Lapa foi a pioneira, com tombamento em 1998; depois veio Paranaguá, em 2009. Além de recursos do PAC, os municípios podem obter recursos por meio da Lei Rouanet.
Prefeitura vai usar estudo da Geografia para
resolver problemas
Estudantes fizeram diagnóstico ambiental e socioeconômico da Bacia do Rio São Domingos
Alunos do curso de Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) realizaram diagnóstico sócio-ambiental em Tibagi, na Bacia Hidrográfica do Rio São Domingos. O estudo foi apresentado à população no sábado (02), no Teatro Municipal de Tibagi. Os resultados compreendem áreas e situações de sensibilidade ambiental e serão utilizados pela Prefeitura para identificar e resolver problemas.
O professor Eduardo Vedor de Paula, que orientou a pesquisa dentro da disciplina de Tópicos Especiais em Geoprocessamento, destacou que o diagnóstico delimitou os solos hidromórficos na porção norte da bacia, que constituem áreas de elevada sensibilidade ambiental, principalmente no que se refere aos riscos de contaminação do lençol freático. O mapa de uso do solo da bacia foi atualizado, sendo que as Áreas de Preservação Permanentes (APPs), conforme Código Florestal em vigor, também foram delimitadas.
Do cruzamento destas informações, “identificou-se que cerca de 60% das APPs de entorno de nascentes encontram-se degradas, e que 85% das APPs de topo de morro são ocupadas por agricultura” afirmou Vedor. O diagnóstico avalia ainda a situação das redes de abastecimento de água e coleta de esgoto, destinação do lixo doméstico e óleo de cozinha, conforme classes sociais.
Para a aluna Ana Paula Mikosik, os resultados mais significativos foram a caracterização climática, geomorfológica, geológica, pedológica (referente ao solo) e hidrológica da bacia. “Acreditamos que ao oferecer as análises, podem subsidiar a tomada de decisões em forma de políticas públicas”, apontou Ana.
O prefeito de Tibagi, Sinval Silva (PMDB), confirmou que “os dados apresentados serão utilizados pelas diversas secretarias do governo do município para a definição de estratégias que solucionem os problemas identificados”. Sinval disponibilizou técnicos da Prefeitura para auxiliar nas pesquisas e acredita que o trabalho trouxe mais resultados do que o esperado e mostrou fragilidades da área da saúde e infraestrutura.
Os alunos participaram no decorrer da disciplina de diversas reuniões de trabalho, uma atividade de campo, que ocorreu entre os dias 20 e 22 de maio, na qual eles aplicaram questionários, com metodologia para identificação de problemas e conflitos sócio-ambientais. Os dados foram organizados em relatório e compôs-se o WebSIG da Bacia do São Domingos, onde foram integrados todos os dados cartográficos levantados no âmbito do estudo, apresentados em audiência pública. Além disso, os alunos foram orientados a obter registro junto ao conselho de classe que regulamenta a profissão do geógrafo, para que pudessem assumir responsabilidade técnica sobre o estudo. Assim, “a disciplina serviu como um laboratório com sistemática de trabalho muito próxima às que encontrarão no mercado de trabalho”, como avalia Vedor.
O aluno José Renato da Silva considerou a disciplina de extrema importância para a formação profissional. “É uma disciplina muito atual, moderna. O geoprocessamento é hoje um dos alicerces da geografia”. Ele parabenizou o professor por ter aplicado a disciplina de forma prática. “Nós fomos para o campo e isso me incentivou a querer aprender mais. A apresentação para a comunidade foi outra aula, pudemos ver o geoprocessamento sendo aplicado”.
José Renato ressaltou que a parceria entre a Prefeitura de Tibagi e a UFPR foi enriquecedora para ambas. “O prefeito deixou claro que os municípios não têm verba para desenvolver estudos mais aprofundados e nós entramos em contato com o pensamento da população, com uma situação real e com novas ferramentas de trabalho”, acrescentou. O prefeito lembrou aos universitários que criar empresas que prestem este tipo de serviço são nicho de mercado, ainda mais com o acesso a sistemas como o WebSIG que proporcionam informação gratuita.
PARABÉNS A UFPR E A PREFEITURA DE TIBAGI PELAS INICIATIVAS DE COOPERAÇÃO ENTRE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICA E UM ÓRGÃO PÚBLICO DO PODER EXECUTIVO.
PARA QUEM AINDA NÃO SABE PARA QUE SERVE A GEOGRAFIA... AÍ ESTÁ UM BOM EXEMPLO.
Escarpa Devoniana |
A Escarpa Devoniana constitui notável feição geomorfológica que delimita a leste os Campos Gerais do Paraná (link Fig.1 do verbete "Campos Gerais do Paraná, Geomorfologia"). Ela tem início no vale do rio Iguaçu, no sul do estado, entre os municípios de Lapa e Campo Largo e estende-se para além do rio Itararé, já no estado de São Paulo, a norte, até as proximidades do município de Itapeva. Esta feição geomorfológica estende-se como uma faixa em forma de arco, com cerca de 260 quilômetros de extensão e desníveis altimétricos usualmente entre 100 e 200 metros, podendo atingir até cerca de 450 metros na região do Canyon do Guartelá (ver). A escarpa devoniana representa um verdadeiro degrau topográfico, com paredes abruptas e verticalizadas, que separa o Primeiro e o Segundo Planalto Paranaense (link Fig.2 do verbete "Campos Gerais do Paraná, Geomorfologia"). Este degrau é uma cuesta (ver), originada pela erosão que vem esculpindo o relevo e promovendo o aparecimento de feições tais como morros-testemunhos (ver), abrigos, "fendas" e pequenas cavernas que guardam vestígios arqueológicos. Outras feições encontradas ao longo da escarpa são os canyons dos rios Iapó, Pitangui, Itararé e Iguaçu quando estes, provindos do Primeiro Planalto e dirigindo-se ao Segundo Planalto, atravessam a escarpa em profundas gargantas esculpidas pela erosão. A Escarpa Devoniana tem este nome porque é sustentada pela Formação Furnas (ver), de idade devoniana. Entretanto, a idade da feição geomorfológica é muito mais nova que a idade da rocha que a sustenta, admitindo-se que a escarpa seja cenozóica (menos de 65 milhões de anos). A denominação "Escarpa Devoniana" já é consagrada, mas seria mais correto utilizar-se "Escarpa do Arenito Devoniano". (Isonel Sandino Meneguzzo e Mário Sérgio de Melo). Palavras-chave: relevo de cuesta, morros-testemunhos, Formação Furnas. Referências Bibliográficas MAACK, R. 1981. Geografia física do Estado do Paraná. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Ed., 442p. MELO, M.S. 2000. Canyon do Guartelá. In: SCHOBBENHAUS, C. (Ed.), Sítios geológicos e paleontológicos do Brasil. Brasília, Universidade de Brasília. Disponível em 06/07/00 na World Wide Web http://www.unb.br/ig/sigep/ SOUZA, C.R.G. & SOUZA, A.P. 2000. Escarpamento Estrutural Furnas. In: SCHOBBENHAUS, C. (Ed.), Sítios geológicos e paleontológicos do Brasil. Brasília, Universidade de Brasília. Disponível em 06/07/00 na World Wide Web http://www.unb.br/ig/sigep/ |
Norte e Nordeste – São Paulo.
Sul e Sudeste – Santa Catarina.
Leste – Oceano Atlântico.
Oeste – Paraguai.
Noroeste – Mato Grosso do Sul.
Sudoeste – Argentina.
O relevo paranaense é dividido em cinco regiões, de acordo com suas especificidades.
Planície litorânea – é a região do litoral, entre o oceano atlântico e a serra do mar. São destaques dessa região as cidades de Paranaguá (onde fica o porto), Antonina, Morretes, Guaratuba e Matinhos.
Serra do mar – é o conjunto de montanhas próximo ao litoral. Essas montanhas são formadas por rochas, e cobertas pela Mata Atlântica. O ponto mais alto do estado, o Pico do Paraná, fica na Serra do Órgão, e tem cerca de 1900 metros de altura.
Primeiro planalto ou planalto de Curitiba – é o mais alto (altitudes entre 1300 e 850 metros) e menor (em extensão) dos planaltos. O relevo é ondulado e a vegetação predominante é a Mata das Araucárias. A capital do estado, Curitiba, fica nessa região.
Segundo planalto ou planalto de Ponta Grossa – as altitudes variam entre 1200 e 300 metros. O relevo é ondulado e a vegetação é composta por Araucárias e campos. As principais cidades da região são Ponta Grossa e São Mateus do Sul.
Terceiro planalto ou planalto de Guarapuava – é o maior dos planaltos em extensão. As altitudes variam entre 1200 e 900 metros. Nessa área a vegetação original (Floreta Tropical e Mata das Araucárias) quase não existe mais. Em seu lugar são encontradas plantações e pastos. As principais cidades são Maringá, Foz do Iguaçu e Guarapuava.
A maior parte do estado tem um clima subtropical úmido, a exceção do litoral, onde o clima é tropical úmido. Os verões são brandos e as geadas são freqüentes nos invernos do primeiro, segundo e parte do terceiro planalto. No Vale da Ribeira, na Serra do Mar, ao norte, oeste e sudoeste do estado os verões são quentes, e nos invernos, as geadas são raras.
A hidrografia do Paraná pode ser dividida em duas bacias: a Bacia do Rio Paraná e a Bacia do Atlântico. Dessas, a maior é a Bacia do Rio Paraná, que se destaca pelo seu grande potencial energético.